ATA DA CENTÉSIMA
SEPTUAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 03.12.1991.
Aos três dias do mês
de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Centésima Septuagésima Sétima Sessão Ordinária da Terceira Sessão Legislativa
Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada
a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Quadragésima
Quinta Sessão Solene, da Ata da Quinta Sessão Especial e da Ata da Centésima
Septuagésima Sexta Sessão Ordinária, que juntamente com as Atas Declaratórias
de Centésima Septuagésima Terceira e Centésima Septuagésima Quarta Sessões
Ordinárias, as Atas da Centésima Septuagésima Primeira, Centésima Septuagésima
Segunda e Centésima Septuagésima Quinta Sessões Ordinárias, as Atas da Décima
Sétima, Décima Oitava, Vigésima, Vigésima Primeira, Vigésima Segunda e Vigésima
Terceira Sessões Extraordinárias e a Ata Declaratória da Décima Nona Sessão
Extraordinária, foram aprovadas. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios s/nº, do
Diretor Multimídia da RBS e do Diretor-Gerente do Banco Itaú S/A, e nº 07/91,
do Conselho Municipal de Educação de Porto Alegre. Em continuidade, o senhor
Presidente, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica do Município, Tribuna
Popular, concedeu a palavra à Senhora Jornalista Márcia Camargo, Coordenadora
do Coletivo Feminista de Porto Alegre, que expôs seu posicionamento sobre o
planejamento familiar e a saúde da mulher. A seguir, o Senhor Presidente
suspendeu os trabalhos por dois minutos, nos termos regimentais, sendo os
mesmos reabertos às quatorze horas e trinta e oito minutos, após constatada a
existência de “quorum”. O Vereador Vicente Dutra, com base nos termos do artigo
81, II, do Regimento Interno, discorreu sobre o Encontro Internacional de
Parlamentares à nível Municipal que compõem o Mercosul, ressaltando a
importância da representação dos Vereadores desta Casa, uma vez que Porto
Alegre aspira sediar o parlamento do Mercosul. Denunciou o pagamento de
ingresso para participar do referido Encontro. Afirmou, ainda, ser de extrema
importância a sugestão da Comissão, que é presidida pelo Governador do Estado,
de oferecer as dependências da Câmara para sediar provisoriamente o Mercosul,
enquanto não for construído um prédio próprio. Passou às mãos do Presidente da
Casa relatório do Encontro. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Airto
Ferronato, reportou-se sobre o relato do Vereador Vicente Dutra, se
posicionando quanto à sede do Mercosul, em nossa Cidade. Afirmou ser necessária
a participação desta Câmara não medindo esforços para sediar o Mercosul. O
Vereador Gert Schinke, nos termos do artigo 81, II, do Regimento Interno, falou
sobre a tramitação de projetos na Casa, alertando para o descumprimento dos
prazos, conforme determina o Regimento Interno. Comentou acerca de dois
projetos de sua autoria que não tramitam nas Comissões, por incoerência dos
Relatores que não observam os prazos regimentais. Solicitou providências
urgentes aos Presidentes de Comissões para o andamento dos referidos projetos.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz teceu comentários acerca de
despejo realizado pela Secretaria Municipal de Obras e Viação, de dez famílias
do Arroio do Moinho, visto estarem em área verde. Propugnou por melhores
condições de habitação a essas famílias, bem como de sobrevivência. O Vereador João
Dib, reportou-se sobre a situação das pessoas que foram despejadas do Arroio
Moinho, denunciando a incompetência da Administração Municipal diante do
ocorrido. O Vereador Omar Ferri, nos termos do artigo 81, II, do Regimento
Interno, teceu comentários sobre andamento dos projetos e principalmente sobre
Comissões Parlamentares de Inquéritos, nesta Casa, que não cumprem os prazos
regimentais. Propugnou por maior atenção, por parte da Administração Municipal,
para as famílias que aqui se encontram em busca de soluções de moradia, visto
terem sido despejadas de suas casas. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Clóvis
Ilgenfritz, falou sobre a desocupação realizada pela Secretaria Municipal de
Obras e Viação, no Arroio Moinho, tranqüilizando as famílias presentes em
Plenário. Disse que o Executivo está procurando resolver os problemas desses
desabrigados. Afirmou, ainda, que a Prefeitura Municipal procura atender a
comunidade que pede o cumprimento das leis. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Dilamar
Machado, reportou-se acerca dos aumentos constantes das passagens dos
transportes coletivos de Porto Alegre e, também, sobre os despejos ocorridos
nas vilas irregulares, afirmando que a Administração Municipal não possui
competência para administrar nossa Cidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Artur Zanella falou sobre o pronunciamento anterior do Vereador Gert Schinke,
no que diz respeito a saída de processos da Comissão de Urbanização,
Transportes e Habitação, sem protocolo. E, ainda, comentou sobre a utilidade do
alvará verde, projeto em discussão na Comissão, para a fiscalização de ônibus,
alertando para a possibilidade do mesmo inviabilizar a vistoria mecânica dos
coletivos. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Luiz Machado discorreu sobre acidente
que vitimou criança na Estrada Edgar Pires de Castro, solicitando maior atenção
da Administração Municipal naquela área, bem como colocação de redutores de
velocidade próximos às escolas. O Vereador Clóvis Ilgenfritz afirmou que, em
contato com vários órgãos municipais, está tentando resolver o problema dessas
famílias despejadas, presentes no Plenário. Ressaltou que não há plano de
habitação para atender todas as pessoas nessas condições. Disse, ainda, ser
favorável a um projeto que crie escritório comunitário para organizar a criação
de cooperativa habitacional. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson
denunciou as más condições de saúde pública na Cidade, principalmente para os
que necessitam de hospitalização. Citou exemplo de enferma do Hospital de
Pronto Socorro que necessita ser transferida para outro hospital para realizar
cirurgia de urgência e que não consegue vaga em nosocômio algum. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Adroaldo Correa reportou-se acerca de congressos
realizados para discutir a construção partidária, ressaltando a necessidade de
preservar a democracia e o socialismo que incorporam a liberdade permanente e
os valores de produção. Na ocasião, o Senhor Presidente respondeu Questões de
Ordem dos Vereadores Vicente Dutra e Ervino Besson, acerca de relatório do Encontro
Internacional de Parlamentares realizado no Uruguai; dos Vereadores João Dib,
sobre apresentação de contas do Prefeito Municipal a este Legislativo; dos
Vereadores Luiz Machado e Omar Ferri, sobre o uso do artigo 81, II, do
Regimento Interno. Às dezesseis horas e cinqüenta e cinco minutos, nada mais
havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser realizada a
seguir, e convocando-os para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Airto Ferronato, Omar Ferri e
Clóvis Ilgenfritz e secretariados pelos Vereadores Leão de Medeiros e Clóvis
Ilgenfritz. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor
Presidente e por mim.
O
SR. PRESIDENTE: Havendo “quorum”, declaramos abertos os trabalhos da presente Sessão.
A
seguir, passamos à
TRIBUNA
POPULAR
Hoje
temos a participação da entidade Coletivo Feminista de Porto Alegre, que vem
expor seu posicionamento sobre o planejamento familiar e a saúde da mulher.
Passamos
a palavra à Jornalista Márcia Camargo.
A
SRA. MÁRCIA CAMARGO: (Lê.)
“Nossas
saudações à Presidência desta Casa, Ver. Antonio Hohlfeldt, à Vereadora Letícia
Arruda, companheira nas nossas vivências enquanto mulheres, aos Srs.
Vereadores, aos companheiros e companheiras que participam desta Sessão, muitos
e muitas das quais solidárias ativistas da luta pela cidadania das mulheres,
pelo respeito à diferença sem desigualdade, pelo resgate e realização de um
novo humanismo, onde a alienação não seja superada por uma racionalidade
estranha aos desejos e potencialidades mais íntimas de cada ser, mas seja, sim,
a alienação superada pelo autoconhecimento e pelo exercício da liberdade entre
todos e todas.
Senhores
e Senhoras, nosso tema neste precioso espaço de exercício da cidadania e da
democracia é a esterilização feminina em nosso País. Não queremos analisar este
tema em separado da situação da contracepção em nosso País e da discussão dos
direitos reprodutivos como direitos de cidadania às mulheres. A contracepção no
Brasil hoje é exercida por 2/3 das mulheres em união legal ou consensual, de
quinze a 44 anos. À primeira vista, pode parecer que esse dado representa um
acesso bastante amplo à contracepção. Vamos, no entanto, agregar outros dados
que permitam ver para além das aparências.
Um
desses dados: quatro a cada cinco mulheres que praticam a contracepção utilizam
apenas dois métodos: pílula ou esterilização definitiva.
A
distribuição por idade traz outros elementos: em 1986, segundo o IBGE, 5,5% das
mulheres estavam esterilizadas antes de chegar aos 25 anos e 19,5% antes dos
trinta. Isso significa que uma a cada cinco brasileiras chega aos 29 anos tendo
perdido definitivamente a sua capacidade de procriar. De outro lado, 13% das
mulheres de 35 a 39 anos e 11% das mulheres de quarenta a 44 anos estavam
usando pílulas. A pílula é sabidamente o método com maiores contra-indicações
para essa faixa etária. Num estudo da Unicamp, nessa faixa, 50% das mulheres
tinham alguma contra-indicação para a pílula e 27% tinham contra-indicação
absoluta. Outro estudo semelhante, divulgado no Seminário Nacional de Direitos
Reprodutivos, em SP, 1987, mostra que, após três anos da esterilização, 50% das
entrevistadas na faixa dos 25 anos gostariam de reverter a cirurgia e não
teriam se submetido a ela se pudessem retroceder no tempo.
Os
métodos contraceptivos naturais são utilizados por apenas 12% das brasileiras
que exercem contracepção, enquanto que, nos países avançados, essa cifra está
em 61%. O DIU corresponde a apenas 0.9% e o diafragma a menos de 0,5%,
evidenciando a ausência de atenção e conhecimento não apenas das mulheres, mas
dos próprios médicos.
O
Ministro Alceni Guerra referiu-se, recentemente, à esterilização no Brasil como
uma realidade “escandalosa”, nas suas próprias palavras. Dos sete milhões de
brasileiros esterilizados, 27%, segundo o IBGE, em 1986, calcula-se que
chegamos perto dos 40%, ou mais, hoje. O próprio Ministro referiu-se a esses
dados, dados confirmados pela queda da taxa de fertilidade. Da média de 6,4
filhos por mulher em idade fértil nos anos 60, caímos hoje - dados de 1989 -
para 2,3 filhos. Também, de acordo com o IBGE, essas esterilizações são feitas,
2/3 delas, em clínicas privadas, fora do sistema de saúde, sem fiscalização e
controle, à revelia da lei, que proíbe e prevê penalidade para essa prática
quando exercida sem prescrição médica, originada no risco de saúde da mulher.
Esses
elementos são avaliados a partir de dois pontos de vista bastante diferenciados
no Brasil hoje e dão origem, como vemos nesta Casa, a posturas e proposituras
legais também essencialmente diferenciadas. De um lado, estão os que
interpretam essa realidade de altos índices de esterilização como expressão da
vontade das mulheres. De outro, estão aqueles que, respeitando o direito da
mulher e do casal à livre escolha por ter filhos ou não tê-los e valorizando o
planejamento familiar, não querem ver eliminada a possibilidade de acesso à
esterilização, mas compreendem que hoje, mais além de sua eficiência do ponto
de vista médico, a esterilização deve ser vista como um recurso desesperado,
entre outros, que as mulheres sofrem para evitar o desamparo e a miséria que
acompanham a maternidade em nosso País.
Ainda
que a partir de dados incompletos, pudemos, analisando, associar claramente a
adoção da esterilização à condição social de pobreza e desamparo das mulheres.
Um indicador é o próprio perfil das mulheres que utilizam os diferentes
métodos. Noventa e um por cento das mulheres que usam pílulas o fazem a partir
de indicação no balcão da farmácia, sem orientação médica. Entre as que adotam
métodos naturais, pela exigência de conhecimento do corpo e do seu próprio
ciclo de fertilidade, e as que utilizam métodos menos nocivos, como o
diafragma, condom etc, há referência em relação ao nível de instrução e acesso
à orientação que expressam uma condição social privilegiada. De outro lado, a
esterilização, feita prioritariamente em clínicas privadas, atingiu
diferenciadamente as regiões brasileiras, incidindo brutalmente sobre as
regiões mais pobres e de indicadores sociais mais perversos. Vejamos: 79,8% no
Maranhão; 74,7% em Goiás; 64,3% em Alagoas; 64,1% em Pernambuco.
O
desenho da “opção”, assim chamada por alguns e questionada por nós, pela
esterilização combina perfeitamente com o desenho da miséria, da ausência dos
direitos mais mínimos de cidadania e da ausência completa de meios para o
exercício do princípio recomendado na Constituição: “o planejamento familiar é
livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
científicos para o exercício deste direito, vedada qualquer forma coercitiva
por parte das instituições privadas e oficiais”.
Outros
elementos que revelam a essência da adoção tão ampla da esterilização feminina
em nosso País podem ser referenciados através da larga utilização do critério
“não ter filhos” para aceitação no emprego, demonstrado através da praticada
exigência de atestado de esterilização pelas empresas. Mas há elementos sociais
que apontam para a responsabilidade do Poder Público - por exemplo, o desamparo
da infância, a falta de creches e cuidado pré-escolar. Ao fundo, está a
“liberdade de explorar” diferenciadamente as mulheres, que é exercida pela
iniciativa privada em nosso País. Somos 37% dos trabalhadores atuando no
mercado formal, isto é, da população economicamente ativa, quando éramos 17% no
início da década de 70, mas recebemos, em média, 60% do que recebe um
trabalhador homem. As horas trabalhadas pelas mulheres, incluídas as tarefas de
reprodução da força de trabalho, como o cuidado dos filhos, o preparo dos
alimentos em casa, as tarefas de limpeza, entre outras, chegam a noventa horas
semanais, trabalho necessário à sociedade e não remunerado.
É
essencial também, para explicar as altas taxas de esterilização, a condição de
saúde que cerca a função reprodutiva da mulher. O risco de morte em decorrência
da gravidez é de um em 73 na América Latina, enquanto nos EUA e Canadá é de um
em 6.366 e nos Países do Norte da Europa é de um em 9.850. Trinta e quatro mil
mulheres morreram durante a gravidez e até 42 dias após o parto na América
Latina em 1989, segundo a OMS. Nos países desenvolvidos, esse número foi de
seis mil. “As complicações de gravidez, parto e aborto em condições insalubres
são as principais causas de morte de mulheres no Terceiro Mundo”, revela um
estudo do Worldwacht Institute dos EUA.
Por
tudo isso, cremos que precisamos responder claramente à sociedade e aos Srs.
Vereadores: a esterilização não é hoje uma opção das mulheres. A esterilização
constitui-se hoje, em nosso País, em um flagelo, que, junto com outros,
penaliza as mulheres por uma capacidade essencial à nossa sociedade, tomando-as
como ventres dissociados de seu ser inteiro, ventres que hoje são condicionados
a não gerar, como já foram condicionados a gerar em outras épocas. A
humanização da nossa sociedade, o resgate dos valores de respeito à vontade e à
integridade de cada mulher, à liberdade de escolha, exige um posicionamento
afirmativo de todos nós pelos direitos reprodutivos.
As
mulheres brasileiras constituíram um programa e uma filosofia que une a
conquista da cidadania a esses direitos. São eles: acesso a programas educativos
que permitam à mulher superar o desconhecimento de seu próprio corpo e exercer
plenamente sua sexualidade; acesso à informação e aos meios que permitam
efetiva escolha de ter filhos e quando tê-los; direito a uma relação
médico-paciente que não inferiorize ou objetualize a mulher; direito à
interrupção da gravidez nos casos legais, tratada como uma questão de saúde;
informação e atenção médica a aspectos específicos da saúde feminina em todas
as fases da vida, prevenindo, diagnosticando precocemente e evitando mortes,
atendendo de forma especial às mulheres vítimas de violência e discriminação,
integrando cuidados à saúde mental adequados à condição feminina em nossa
sociedade.
Trazemos
aqui uma contribuição a esse debate tão relevante. E esse é o principal
objetivo de nossa manifestação, mas não podemos desconhecer que estão presentes
nesta Casa, para serem apreciadas pelos Srs. Vereadores, duas proposituras
acerca do tema. Apoiamos aquela que não descarta a esterilização como recurso
contraceptivo, mas a coloca como um instrumento dentro de um Programa Integral
de Assistência à Saúde da Mulher, resguardando e valorizando nossa cidadania.”
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Agrademos a presença da Jornalista Márcia Camargo e suspendemos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h36min.)
O
SR. PRESIDENTE (às 14h38min): Estão reabertos os trabalhos.
O
SR. VICENTE DUTRA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, desde o nosso retorno da viagem a
Maldonado, onde fomos participar do Encontro de Vereadores Municipais de Países
Latino-Americanos, este Vereador tem tentado conseguir um espaço para fazer
apresentação do seu relatório. Não tem conseguido em função das dificuldades de
Pauta, Orçamento; pediria, então, com base no art. 81, inc. II, espaço especial
para fazer apresentação do relatório.
O
SR. PRESIDENTE: A
Mesa defere o Requerimento e concede a palavra a V. Exª.
O
SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, fui informado que S. Exª o Sr. Prefeito
Municipal Olívio Dutra esteve na Casa - eu só fiquei sabendo na última hora -
para fazer uma apresentação de contas para os Vereadores. Estranhamos que não
tivesse sido feita no Plenário. Eu pediria que me fossem encaminhadas cópias.
O
SR. PRESIDENTE: A
Mesa informa V. Exª que foram distribuídas cópias a todas as Lideranças do
processo trazido à Câmara pelo Sr. Prefeito Municipal.
O
SR. EDI MORELLI (Questão de Ordem): Um esclarecimento. Essa cópia será distribuída só aos
Líderes de Bancada? Porque, em minha opinião, não somente os Líderes de Bancada
são Vereadores nesta Casa.
O
SR. PRESIDENTE: Essa
é a opinião que tenho defendido desde o início, Vereador, e concordo com V.
Exª. Nós vamos informar, posteriormente, com todos os detalhes.
Com a
palavra o Ver. Vicente Dutra.
O
SR. VICENTE DUTRA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a comitiva que se dirigiu à Cidade de Maldonado
para lá participar, a convite, do Encontro Internacional de Parlamentares, em
nível municipal, que compõem o Mercosul, ou seja, Argentina, Brasil, Uruguai e
Paraguai e mais representantes da Bolívia e da Espanha, foi constituída pelos
Vereadores Antônio Losada, Clovis Ilgenfritz, Artur Zanella, Dilamar Machado,
Elói Guimarães, Letícia Arruda, Leão de Medeiros, Vicente Dutra, e ainda nos
acompanhou a Bel. Neiva Santos Silva, Assessora da ATP, que foi convidada a
participar da comitiva. A essa comissão somaram-se os Vereadores de outros
Municípios gaúchos, que passaram a integrar a delegação: o Ver. Telmo de Jesus
Carlotto, do PTB; Denis Baderman de Lemos, do PMDB de Taquara; o Ver. Harson
Braum, do PDS de Nova Petrópolis; o Ver. Eliseu Arno Schnaider, do PTB de Dois
Irmãos; o Ver. José Antonio R. Benites, do PDT de Uruguaiana; o Ver. Ivo
Pacheco, do PMDB; e Dorlei Carlos Spessato, do PDS de Passo Fundo.
O
ônibus conduziu a comitiva a partir de quarta-feira e, lá chegando, no dia 21
pela manhã, de imediato nos dirigimos ao centro de espetáculos onde se
realizava o encontro.
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a importância desse encontro ela pode ser
dimensionada proporcionalmente à importância que cada um de nós pode dar ao
Mercosul. Se considerarmos que esse acordo está vigente, concretamente, a
partir de 28/11, quando cair 47% das taxas alfandegárias, e no fim do mês
cairão mais 7% dos quatro Países, se todo esse esforço que está sendo realizado
de alto nível com os presidentes dos quatro países, os ministros das Relações
Exteriores, os chanceleres e mais ministros da Economia e mais dezenas ou
centenas de empresários, forças vivas dos quatro países que buscam esse esforço
e entendimento, se nós soubermos avaliar todo esse potencial e o valorizarmos,
nós também estaremos valorizando a ida da comitiva ao encontro. O pensamento
deste Vereador, que foi o Coordenador da Comitiva como Presidente da Comissão
do Mercosul desta Casa, e foi transmitido ao Sr. Presidente da Casa, era de
levar o maior número possível de Vereadores a esse encontro, se possível, toda
a Casa - que eu sabia que era impossível -, mas levar uma comitiva realmente
expressiva para que Câmara alguma dos quatro países pudesse, a não ser a de
Maldonado e arredores, superar proporcionalmente em número de participantes a
Câmara de Porto Alegre. E explico por que essa idéia, essa iniciativa, terminou
não se concretizando. Porto Alegre está fazendo todo o empenho, todo o esforço
para aqui sediar a sede da Mercosul, e lá seria um fórum extraordinário para
que pudéssemos apresentar essa idéia de forma oficial, que até agora não foi
apresentada ainda oficialmente aos quatro países, essa insinuação de Porto
Alegre, esse desejo de Porto Alegre, essa aspiração de aqui sediar a sede do
parlamento do Mercosul. Por isso a importância da ida e da presença dos
Vereadores de Porto Alegre lá naquele encontro. Lamentavelmente, esse encontro
ele pecou pela sua organização. Ele foi organizado por uma empresa particular
que deu, na primeira etapa, gratuitamente a presença dos Vereadores, como os
dos edis do Uruguai, dois dias antes de começar o encontro internacional, mas
em troca exigia que os estrangeiros pagassem a importância de 350 dólares. Nós
fizemos aqui contatos por telefone. A Vereadora Letícia Arruda e eu não
obtivemos respostas. Enviamos fax, acionamos a UVERGS, acionamos o pessoal de
Florianópolis, o Miguel Cury, que é muito chegado a eles lá. Nenhuma resposta.
Depois nós entendemos por que, mas fomos assim mesmo, numa comitiva de sete
Vereadores, mais a Assessora Neiva, e nós tínhamos certeza de que ninguém
poderia barrar a nossa entrada. Pois barraram! Se nós não tivéssemos pagado a
importância de cem dólares - nós, os sete Vereadores e mais a Assessora -, não
poderíamos ingressar no recinto do Congresso.
Esse é
um problema que teremos, depois, de analisar mais detidamente e ver que medidas
poderiam ser tomadas, em termos de Brasil, com a Argentina, quem sabe, em
relação a esse comportamento dos organizadores. Não vamos lançar culpa aos edis
do Uruguai, absolutamente, mas os organizadores, os promotores do evento,
aqueles que tinham a incumbência de lá estar de braços abertos para receber os
seus irmãos da América Latina - no caso, brasileiros, argentinos e paraguaios
-, falharam totalmente, porque fizeram com que os estrangeiros que lá estavam,
antes de ingressar no recinto do Congresso, passassem, constrangedoramente,
numa espécie de bilheteria. Havia duas moças vendendo os ingressos a dólar, a
cem dólares. Depois de negociarmos um dia e meio para que pudéssemos ingressar,
usamos de todo o nosso esforço, juntamente com o Ver. Dilamar Machado. O Ver.
Elói Guimarães, inclusive, fez um pronunciamento contundente nas escadarias do
encontro - talvez, até, tenha repercutido. Outros Vereadores do Rio Grande do
Sul, do Brasil, de outros Estados, também lavraram o seu protesto. E nós
entendemos o seguinte: a culpa não podemos lançar contra todo o Mercosul,
porque a culpa é restrita aos promotores. Pagamos os cem dólares e participamos
ativamente do evento.
O
Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre
Ver. Vicente Dutra, gostaria de registrar nos Anais da Casa que, enquanto
estávamos em toda essa operação que V. Exª relata, um jornalista da praça,
aliás muito antigo - foi meu contemporâneo do tempo da Azenha, tão antigo que
pinta o cabelo o Jornalista JK -, ele acusou V. Exª, a mim, aos demais
Vereadores, o Ver. Clovis, Losada, o Ver. Leão, todos que foram lá, de que
estávamos fazendo férias em Punta del Este por conta do povo de Porto Alegre,
com ônibus de alto luxo, com rodomoça, com uísque estrangeiro a bordo. Gostaria
de colocar aqui, durante o relatório de V. Exª, o meu repúdio à atitude desse
colega jornalista, colega também do Ver. Vieira da Cunha no programa “Os
Guerrilheiros da Notícia”, da TV Guaíba, e que recebeu, de minha parte - por
ser ele, o JK, meu amigo de infância -, a informação correta sobre o que
ocorreu lá: nós pagamos para ir a Punta del Este. Mas, assim mesmo, ele
insistiu e disse que a fonte dele é um Vereador desta Casa que tinha entregado
a ele todo o serviço: quanto custou o ônibus, que tinha rodomoça, uísque
estrangeiro, quanto cada um de nós tínhamos recebido de diária. Isso, aliás,
não pode ser escondido; aqui é uma casa pública. Eu recebi 249 mil cruzeiros de
diária; paguei mais do que isso pelo ônibus, pela passagem, pelo hotel, que,
por sinal, era uma pensão; paguei a minha alimentação e paguei os cem dólares
que nos foram extorquidos pelos organizadores, que nada têm a ver com os
Vereadores do Uruguai, mas, sim, com uma agência picareta de turismo que
existia lá. Então, gostaria que V. Exª aproveitasse esta oportunidade para
registrar nos Anais da Casa que a notícia do Jornalista JK, além de inverídica,
é maldosa e nada colabora para o engrandecimento da Câmara Municipal, da classe
política e das relações internacionais deste País, que já está sendo muito
malvisto no Exterior. Muito obrigado.
O
SR. ERVINO BESSON (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu pediria a V. Exª, visto a importância do
relato do Ver. Vicente Dutra, que V. Exª abrisse uma exceção e concedesse mais
cinco ou dez minutos porque todos devem tomar conhecimento do que ele relata.
O
SR. PRESIDENTE: Esta
Presidência não deu mais tempo oficialmente, mas permitiu os apartes após o
tempo esgotado.
O
Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu
queria, como um dos membros que viajou, junto com o Ver. Antônio Losada, pela
Bancada do PT, ser testemunha, primeiro, de que, de acordo com o relatório que
está sendo feito pelo nosso Coordenador da viagem e também Presidente da
Comissão do Mercosul, Ver. Vicente Dutra, concordo com o que disse o Ver.
Dilamar Machado, ou seja, que é lamentável, e a gente se sente muito mal quando
está fazendo um esforço medonho, quando havia, inclusive, oportunidade de
passear, ir à praia. Entramos noite adentro participando das comissões,
discutindo, e aqui corria frouxa uma intriga, um desprestígio, um desrespeito,
não com os que estavam lá, mas com o Legislativo, com a Câmara. Então, quero
deixar meu repúdio para com o jornalista que fez essa leviana acusação a nós na
televisão. Não é possível aceitarmos isso da forma como aconteceu. Quero dizer
que o resultado do encontro, para mim, foi muito bom, porque nós, de Porto
Alegre, juntamente com outros brasileiros que lá estavam, conseguimos de certa
forma sedimentar uma posição que passa a ser importante nas relações com a
Argentina, com o Uruguai, com o Paraguai, e propusemos a participação futura do
Chile.
O
Sr. Leão de Medeiros: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver.
Vicente Dutra, como corolário ao que o Ver. Dilamar Machado se manifestou,
queria comunicar à Casa que, a partir de agora, jamais aceitarei qualquer
convocação para participar dos trabalhos que visam à instalação da sede
legislativa do Mercosul em Porto Alegre. E mais: vou propor à Presidência da
Câmara, no ano que vem, a indicação de Vereadores, sim, mas de outros para
participarem dessas delegações, e tenho até nomes para comporem essa delegação!
O
SR. VICENTE DUTRA: É
lamentável que essa informação tenha partido de um Vereador, porque, pela
riqueza de detalhes, alguns deles mentirosos, como, por exemplo, uísques e
carro de luxo, só temos a lamentar. Nem quero saber quem foi esse Vereador,
porque seria algo muito constrangedor ter conhecimento do nome de alguém que
deu uma informação mentirosa. Prefiro não saber a ter de conviver mais um ano
sabendo que há, ao lado, um traidor, um mentiroso. Prefiro não saber.
O
Sr. João Dib: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Vicente Dutra,
preocupa-me que V. Exª e o Ver. Dilamar Machado tenham aceitado pura e
simplesmente a informação de que foi um Vereador que tenha veiculado as
informações. Eu, por exemplo, estou sabendo quanto ganharam de diárias. Se
beberam ou deixaram de beber, não interessa, mas, quem sabe, se olhassem bem as
coisas que acontecem na Casa e que são divulgadas pela sua transparência...
O
SR. VICENTE DUTRA: Duvido que algum
Vereador tenha falado, mas, se foi, não quero saber, seja lá quem for.
Evidentemente, é uma coisa mesquinha e inverídica, e não tem cabimento uma
coisa dessas. É tão inverdade, que o Ver. Clóvis Ilgenfritz foi um dia depois,
desceu em São Carlos num ônibus de carreira e foi até Maldonado e lá soube que
não havia encontro, que era em Punta del Este. E não sabíamos. O convite falava
em Maldonado, que é o Departamento. Depois entendemos, tal a nossa disposição
de participar. O único Vereador que viu e chegou perto do mar foi o Ver. Elói
Guimarães, às 6 horas da manhã, porque foi caminhar. Não vimos nada.
Participamos ativamente, intensamente dos trabalhos, apresentamos teses.
Tivemos uma participação marcante nesse encontro. Foi lançada a idéia, um pouco
fora de hora... O Ver. Elói Guimarães, imbuído de todo aquele sentimento de
revolta do primeiro momento, quando abriu a sessão, ele largou Porto Alegre
como sede do Mercosul. A partir daí, desencadeamos uma série de contatos,
fizemos uma reunião paralela ao evento com os edis de Montevidéu. Almoçamos o
Ver. Clovis Ilgenfritz e eu com a Presidenta da Junta, Srª Margarida Popovich,
e tivemos um encontro no fim da tarde com todos os “consejales”, e a nossa
comitiva acertando detalhes. Os “consejales” entendem que o Mercosul deva ficar
por inteiro em Montevidéu, mas haverá três divisões, segundo entendimentos.
Acertamos o seguinte com eles: que, se houvesse a divisão, e certamente
ocorrerá, Montevidéu apoiaria Porto Alegre como sede do Mercosul.
Há um
desejo dos argentinos de que aqui seja a sede e outros departamentos no
Uruguai, e nós temos de correr, porque o Governador chegou a oferecer em
Florianópolis, num encontro com os quatro Países, que até sugeriria a troca da
Capital para poder sediar o Mercosul. Vejam bem: trocaria só a sede de
Florianópolis para o Interior, se fosse o caso, para poder sediar. O Governador
do Paraná diz o seguinte: “o lugar ideal é Foz do Iguaçu, com toda
infra-estrutura, aeroporto, e nós estamos dispostos a formar lá, construir um
grande edifício para sediar o parlamento”. São Paulo rebate: “não, não precisa
construir nada porque já está construído; já tem um memorial da América Latina
em São Paulo; é só sediar”. Então, vejam bem: os três Estados, nossos vizinhos
do Sul, estão correndo, estão lutando, com o apoio da imprensa, para algum
deles tentar trazer para o seu Estado a sede desse importante organismo que é o
Parlamento, pois é no Parlamento que se realizam os entendimentos, os acertos.
Porque esse acordo ele vai se fazendo com o tempo; é um acordo muito complexo.
Então, vêm levas de empresários para cá, pessoas para pressionar, os “lobbies”,
para as cidades que estão sediando o Parlamento, como acontece em Strassburger,
na França, Comunidade Comum Européia. Então, Porto Alegre teria todos os
benefícios desses dólares, do turismo, de tudo o que representa o fato de
sediar esse importante organismo que é o Parlamento.
O
Sr. Giovani Gregol: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Em
primeiro lugar, Vereador, eu queria parabenizar V. Exª com toda a ênfase pelo
trabalho que tem feito na Presidência, na coordenação dessa comissão desta
Casa, que trata da implantação do Mercosul. O Mercosul é um fato, em
primeiríssimo lugar, sem retorno. Nós temos essa convicção. Como V. Exª disse,
é verdade que há uma série de falhas, de lacunas. Há principalmente muitas
dúvidas, há críticas, e não poderia ser diferente, e eu tenho acompanhado
atentamente isso. Inclusive no âmbito dos partidos de esquerda há muitas
dúvidas e há muitas críticas ao Mercosul, mas eu acho que, por outro lado, é
preciso ver longe e justamente captar isso, que ele é irreversível. E o fato de
termos dúvidas ou críticas não deve, de forma nenhuma, nos fazer perder o rumo
da história, porque, se ele se concretizar sem a nossa contribuição, aí, sim,
vai ser muito pior, e seria então imperdoável. Eu tenho certeza que esta Cassa
se portou da melhor forma possível lá - tenho relatos -, mas, independente
disso, tenho confiança nos colegas Vereadores que lá estiveram. Tenho certeza
de que Porto Alegre foi muito bem representada, marcou presença lá, e espero
que continue assim, Vereador. E, quanto aos comentários maldosos, eu acho que
isso não constrói e só pode ser obra de ciumentos, de pessoas que, com ciúme ou
dor-de-cotovelo, sem nenhuma perspectiva histórica, estão tentando, mas não vão
conseguir, destruir um trabalho que é fundamental e que recém está nascendo, e
nós temos que regar essa planta ainda. V. Exª tem toda a razão: é muito
importante para o Rio Grande do Sul, para o Brasil e para esta Casa, que Porto
Alegre venha a ser a sede do Mercosul por vários motivos: porque Porto Alegre
tem um acúmulo histórico na área da cultura, na área da economia, na área do
movimento ecológico, por exemplo. Eu vejo agora que se fala em Mercosul e em
questão ambiental, mas eu vejo as pessoas que estão falando disso, Vereador,
que não entendem nada de meio ambiente, com todo o respeito. Eu, por exemplo,
não vou me pretender um especialista na questão econômica, mas também não gosto
quando vejo algumas pessoas que nada entendem na área ambiental quererem dar
palpite sobre Mercosul e a questão ambiental, que tem “n” conseqüências. Então,
Porto Alegre, por vários motivos e mais esse que agendo aqui como ecologista, é
fundamental que ela possa ser a sede. Isso vai depender, em primeiríssimo
lugar, de nós. Obrigado.
O
SR. VICENTE DUTRA: Vereador,
são sábias as palavras de V. Exª, porque realmente nós não queremos nos
insurgir quanto à realidade: Mercosul hoje é uma realidade. Aliás, para quem
tinha dúvidas: no dia 28, 47% de redução nas tarifas aduaneiras; no dia 31
agora, deste mês, tem mais 7,5%. Tem aqui uma notícia no jornal de que na Ásia
mais alguns países formam associações. Aqui, a Venezuela, com o México e os
Estados Unidos, está formando uma associação. Há um pacto andino. Quer dizer: o
mundo todo está se formando em blocos. Nós não podemos ser diferentes disso.
Não adianta querer acreditar ou deixar de acreditar. Nós temos de trabalhar a
favor.
Com
relação ao meio ambiente, posso dizer a V. Exª que senti muito a vossa falta
lá, Vereador, porque tinha uma comissão do meio ambiente e eu louco para
participar, mas, como fui designado para coordenar o fórum do Mercosul, com
representantes de cada país que compõe o Mercosul, eu fui representando o
Brasil nesse fórum. Não pude, então, participar da Comissão de Meio Ambiente.
V. Exª fez falta. Eu o convidei, mas tinha compromissos e também não pôde
participar.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de parabenizar o relato que V. Exª
está fazendo da tribuna e também parabenizar toda a equipe de Vereadores que
estiveram presentes nesse encontro. Agora, o que nós lamentamos é que pessoas
ligadas a nossa sociedade, com críticas e inverdades, vêm denegrir até a imagem
dos políticos. Essas pessoas não sabem, talvez, o que vai representar, em nível
de Cidade, em nível de Estado, em nível de Brasil, a sede do Mercosul, que
seria aqui, em Porto Alegre. Então, esse tipo de notícia, de inverdade, é que
nos deixa a lamentar, e cada vez mais a população tem descrédito nos políticos,
porque os políticos são os culpados. Estamos vendo, também, que temos grande
parte de culpa a respeito dessas notícias que não são verídicas e que caem em
nossas costas, como a gente está ouvindo da população no dia-a-dia, mas vamos
levantar a cabeça e tocar em frente, porque, se a sede for aqui, em Porto
Alegre, eu acho que a Cidade toda, o Brasil inteiro estará ganhando e, claro, a
nossa Cidade, e com o esforço desta Casa, que foi bem representada por sua
equipe de Vereadores que foram lutar para que a sede do Mercosul fosse aqui, na
nossa Cidade. Muito obrigado.
O SR. VICENTE DUTRA: Nós estamos
oferecendo, Ver. Ervino, e é uma sugestão da comissão que é presidida pelo
Governador do Estado, a sede da nossa Câmara, com o apoio do Presidente da
Casa, da Mesa, para sediar, provisoriamente, o Mercosul enquanto não for
construído o prédio, que seria construído pelo Governo do Estado, pela ADVB e
outros organismos daqui. Então, teríamos uma estrutura da Assembléia
Legislativa, taquígrafos e pessoal, e a estrutura da Casa sediaria o Mercosul.
Só para
finalizar, Sr. Presidente. Como o relatório é imenso, vou entregá-lo à Mesa e
todos os Vereadores poderão ter acesso. Se hoje existe um consenso no Estado,
esse consenso chama-se sediar o Mercosul em Porto Alegre. Aí está o entusiasmo
do Governador Alceu Collares, do seu Secretário Thomas Eli, o Debiaggi; está aí
o entusiasmo do Cezar Schirmer, vários Deputados da Assembléia Legislativa;
está aí o entusiasmo do Proença, que é o nosso representante na Comissão Mista
Parlamentar; está aí o entusiasmo do Ibsen Pinheiro, que não pode revelar
pessoalmente porque, evidentemente, ele é o Presidente do Congresso. Então, ele
é o Presidente de todos os Estados também, mas também está lutando por isso aí.
Esta Casa, através do Ver. Ferronato, que representa a Mesa, do Ver. Antonio
Hohlfeldt, deste Vereador como Presidente da Comissão, de outros Vereadores
entusiasmados pela idéia, do próprio Executivo, estamos concentrados nisso de
lutar todos juntos para que realmente esse sonho possa se tornar realidade. E a
bola está picando; basta que nos unamos e lutemos nessa direção. Muito
obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe o
relatório de V. Exª.
Em
Comunicação de Líder, a palavra, pelo PMDB, com o Ver. Airto Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, uso este Tempo de Liderança até porque acompanhei atentamente as
exposições feitas até o presente momento e gostaria de dizer que os mesmos
senhores jornalistas que criticavam aqueles Srs. Vereadores que foram para o
Uruguai, naquele mesmo momento, listavam os Vereadores que deveriam ser eleitos
na próxima legislatura e aqueles que não deveriam ser eleitos, ou seja, que era
para acompanhar com todo o detalhe aqueles que votaram contra o projeto “a” ou
“b”, que era exatamente ali o caminho. Com todo o respeito, eu discordo daquela
posição, porque não vejo daquela forma.
Com
relação aos aspectos do Mercosul, eu tenho uma posição clara e já tive
oportunidade de dizer aqui que, na minha tese, o Executivo do Município de
Porto Alegre deve apresentar para sede do Mercosul um terreno em área muito bem
situada desta Capital gaúcha, porque Porto Alegre tem de ser, deve ser e será a
sede do Parlamento Mercosul. Deve, portanto, o Executivo não medir nenhum
esforço nesse sentido, porque quem ganha é o Rio Grande do Sul, é Porto Alegre,
é a nossa gente. E mais: a iniciativa privada e o Governo do Estado devem
participar concretamente na construção do prédio. Disso nós já estamos tratando
em nível de comissão, como o Ver. Vicente Dutra já falou.
Com
relação a viajar ou não, eu também tenho uma posição, porque sou funcionário
público há mais de quinze anos. Ocorre que, enquanto outros Estados deste
Brasil viajam, se especializam, buscam conhecimentos em nível de Estado, em
nível de País, em nível de mundo, viajam por todas as partes do mundo, nós, no
Rio Grande do Sul, ficamos economizando migalhas, miséria, e essa é uma das
causas do atraso do nosso Estado. Lembro-me de que, certa vez, fiz um curso em
Brasília. Eu estava estudando na Escola de Administração Fazendária, onde tive
o prazer de lecionar. Ficava a 20km do Centro da Cidade, e eu ia todos os dias
até o Centro comprar cigarros para ter uma nota para comprovar que eu estava em
Brasília. Isso é um absurdo! E assim se faz também em nível de Câmara
Municipal. Eu entendo - tive a oportunidade de dizer e ratifico - que a Câmara
Municipal tinha de estar presente com o maior número de Vereadores naquele
evento. Eu só não fui porque não tive possibilidades de ir, senão iria também,
e não estaria preocupado com dois ou três, não, senhor, pois entendo que nós,
Vereadores de Porto Alegre, temos uma responsabilidade e não precisamos, a cada
passo, dizer para “a” ou “b” o que estamos fazendo. Temos de ter a consciência
tranqüila de que estamos defendendo os interesses do Estado. Portanto, na
próxima vez que ocorrer um ato desse nível, V. Exª também deverá ir. Esse é o
caminho, e o Rio Grande tem de parar de estar mendigando, poupando, porque isso
leva nosso Estado à situação em que está. Temos de sonhar grande, temos de
pensar grande, e vamos conseguir, mas isso, se não ficarmos em casa poupando um
cruzeiro. Os nossos Vereadores foram de ônibus: grande mordomia! Mordomia para
quem? Para aqueles que querem, cada vez mais, buscar mais dinheiro à custa do
sacrifício do nosso povo. Portanto, funcionário público, toda a vez que tiver
congresso, reuniões, debates, deve ir para engrandecer o nosso Estado. Essa é a
minha tese. Já vi colegas que foram para o Japão, só que eles estão proibidos
de levar máquina filmadora - têm de estar juntando notinha, um monte de
babaquice...Vamos deixá-los buscar conhecimentos sem medo de ser feliz. É a
minha tese.
Parabéns
àqueles que foram. A eles o meu apoio, e, na próxima vez, a Câmara deverá estar
presente para buscar aquilo que é do Rio Grande. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o
Ver. Gert Schinke
O SR. GERT SCHINKE: Solicito o tempo de
dez minutos, com base no art. 81, II, para fazer pronunciamento sobre os
trâmites dos processos legislativos nesta Casa.
O SR. PRESIDENTE: Concedido o tempo.
O SR. LUIZ MACHADO
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, a minha Questão de Ordem procura um
esclarecimento: o art. 81, para ser usado nos trâmites dos processos desta
Casa, como disse o Ver. Gert Schinke, dá embasamento para esse tipo de atitude.
Eu também solicito os direitos contidos nesse artigo, porque eu acho que isso
está sendo um deboche para nós, Vereadores.
O SR. PRESIDENTE: Eu vou ler o art. 81,
II, para dirimir as dúvidas: (Lê.) “Art. 81 – II – dez minutos para discussão
na Ordem do Dia e em casos especiais não previstos neste Regimento e deferidos
pelo Presidente.”.
O SR. OMAR FERRI (Questão
de Ordem):
Sr.
Presidente, eu também vou requerer o uso da tribuna que me faculta o art. 81
para fazer um pronunciamento importantíssimo a nível de Câmara de Vereadores.
O SR. PRESIDENTE: Suspendemos os
trabalhos por dois minutos e retornaremos assim que tivermos um esclarecimento
aos Srs. Vereadores.
Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h14min.)
O SR. PRESIDENTE (Airto
Ferronato – às 15h16min): Com a palavra o Ver. Gert Schinke, nos termos do art. 81,
II, do RI.
O SR. GERT SCHINKE: Em primeiro lugar,
agradeço a deferência da Mesa e até me surpreende um pouco a natureza das
perguntas que suscitou o meu pedido do art. 81 à medida que os senhores são
sabedores de que não tenho tempo de Liderança, mas eu queria fazer uma
referência específica em relação à tramitação dos projetos nesta Casa.
Os Srs.
Vereadores desta Casa são sabedores de que eu, enquanto integrante da Bancada
do PT, já tinha problemas quanto à natureza de tramitação de projetos junto à
Bancada do PT, mas a dimensão que esses problemas assumiram transcende em muito
os problemas internos de uma bancada. Eles se referem à tramitação de projetos
de lei que se institucionalizou com uma praxe de descumprimento do Regimento
Interno desta Casa. Quero lembrar que, na data de ontem, estava aqui, nesta
tribuna, o Deputado, Presidente da Câmara Federal, que recebeu uma homenagem
pela lisura do seu trabalho, que acabou se consumando com a expulsão de um
parlamentar, recentemente, onde se sucederam vários pronunciamentos de
Lideranças nesta Casa, reafirmando a necessidade de moralização dos parlamentos
em todo o Brasil. Refleti muito, muito mesmo, para trazer a esta tribuna o caso
específico de dois projetos meus, que não vou permitir que caiam na vala comum
com as procrastinações sem fim, ad infinitum, dos projetos de lei, que
acontecem rotineiramente nesta Casa: um deles é o Projeto do Patrimônio
Histórico Natural Cultural e Paisagístico, que tramita nesta Casa há dois anos
e quatro meses. Recentemente, quando veio de uma diligência do Executivo,
chegou de volta para a Comissão de Justiça e Redação. No mesmo instante,
apresentei o Substitutivo, que foi remetido para um parecer na CJR, para o Ver.
João Motta, que ficou para dar um parecer ao Projeto um mês e meio. Durante um
mês e meio, Ver. Omar Ferri, este Vereador se dirigiu constantemente ao Ver.
João Motta, que citei, solicitando que fizesse um parecer urgentemente,
inclusive historiando a tramitação do projeto. Depois de um mês e meio de
reclamação deste Vereador, fui atendido com um parecer, que aqui está, de nº
478, exarado pelo Ver. João Motta, do dia 19/11, de uma página e meia. Levou um
mês e meio para fazer o parecer apenas para o Projeto do Patrimônio Histórico
Cultural e Paisagístico do Município da Cidade de Porto Alegre. Mas eu vou ler
o Regimento Interno, Ver. Ferri, para o senhor ver. Estou trazendo o exemplo
porque eu tenho provas. Estou mostrando para S. Exª as provas, mas eu vou lhe
trazer o Regimento Interno. No art. 34, diz o seguinte: “Cabe ao Presidente da
reunião conjunta designar o relator da matéria sob exame; os membros das
Comissões Permanentes disporão dos seguintes prazos: inciso II, o relator, de
cinco dias úteis prorrogáveis por mais cinco dias úteis para relato; cada
Vereador, de um dia útil para a vista”. Esse é o Regimento Interno desta Casa.
Esse Regimento é constantemente descumprido, e não é só em relação a esse
projeto do Patrimônio Histórico, que, no caso, implica um relator que já exarou
o seu parecer depois de um mês e meio. Mas o mais grave, Srs. Vereadores, e
aqui eu quero a atenção principalmente do Ver. Omar Ferri, que tem a sua
televisão lá todos os dias no ar para fazer as suas denúncias e falar sobre os
problemas do Legislativo, etc., etc. Pois um outro projeto de minha autoria,
chamado “alvará verde”, que cria quesitos quanto à poluição atmosférica, sonora
e de resíduos em relação à vistoria mecânica das frotas públicas municipais,
esse projeto, tendo como relator o Ver. Artur Zanella, sumiu da Câmara dos
Vereadores. Sumiu. Depois de dois meses, e insistentemente este Vereador
falando pelos corredores, visitando pessoalmente o Ver. Artur Zanella, depois
de dois meses esse Vereador assumiu para mim que ele tinha sumido da Câmara de
Vereadores. O projeto se perdeu. Como é que pode, dentro de uma Câmara de
Vereadores, um projeto de lei sumir? Ver. Luiz Machado, S. Exª estava muito
preocupado com o que eu iria dizer aqui da tribuna. Como é que pode, de uma
Câmara de Vereadores, sumir um projeto? Eu até pensei antes em convidar o Ver.
Artur Zanella para que ele estivesse presente porque eu não gosto de dizer as
coisas nas costas, mas o Vereador tinha de estar aqui. Ele não precisa de
convite; hoje é dia de Plenário, hoje é dia de Sessão. Agora, é impossível, é
inadmissível nós assistirmos a uma coisa desta natureza: depois de dois meses,
um Vereador finalmente assumir que o projeto tinha sumido nas suas mãos. Aí eu
pedi uma reconstituição. E o pior, Srs. Vereadores: essa enrolação, essa procrastinação,
esse descumprimento do nosso Regimento Interno também se traduz no relaxamento
do controle dentro das Comissões Permanentes, onde estão os projetos. Está aqui
nas minhas mãos, agora, o projeto reconstituído. Este Projeto de Lei foi
passado às minhas mãos sem documento nenhum, sem recibo nenhum. Quer dizer:
qualquer pessoa, se intitulando assessor de Vereador, entra numa Comissão,
solicita o projeto, some com o projeto, e aí “nós ficamos a ver navios”. É
inadmissível isso. E por isso estou protestando aqui, na qualidade de Vereador
desta Casa, que quer respeito, e tenho certeza de que essa questão diz respeito
a todos os Vereadores desta Casa. E mais, Ver. Vicente Dutra: V. Exª, na
condição de Presidente da Comissão de Justiça e Redação, deve ter uma pilha de
projetos em tramitação. É por isso que, quando chegamos aos últimos dias antes
do recesso, temos uma pauta acumulada com trinta, quarenta projetos para
votação. É por causa do descumprimento do nosso Regimento Interno. E, quando um
Vereador solicita o art. 81 para que o projeto seja colocado em votação, os
Vereadores reclamam, e reclamam porque acham que está se atropelando o
Regimento Interno. Tem o aparte o Ver. Luiz Machado.
O Sr. Luiz Machado: Ver. Gert Schinke,
serei breve: essa é a primeira vez que vi - e, veja bem, o pronunciamento de V.
Exª tem méritos - trazer essa matéria à tribuna, que é de grande contribuição
para o Legislativo. São denúncias importantes, e acho que a Comissão de Justiça
tem de tomar providências sobre essa questão. Mas quero dizer a V. Exª que essa
é a primeira vez que foi solicitado o encaminhamento, o pedido para ser usado o
art. 81 para examinar a tramitação de processos dentro desta Casa. A maneira
como foi pedido é que eu não gostei, mas estou ao seu lado nessa questão.
O SR. GERT SCHINKE: Só poderia estar,
Vereador, e agradeço a V. Exª pelo aparte, porque é inadmissível que os
cidadãos de Porto Alegre estejam assistindo a um descalabro onde, dentro da
Câmara Municipal de Vereadores, suma-se com um projeto de lei. Não é possível
isso. E aqui se fala em moralização do Parlamento! Então, vamos deixar de ser
hipócritas e vamos cumprir o nosso Regimento Interno, porque é para isso que
existe o Regimento Interno.
Concluindo,
Sr. Presidente, e agradecendo a benevolência de V. Exª pelo tempo que me
concedeu, quero solicitar aqui da tribuna providências urgentes dos Presidentes
das Comissões para que coloquem em votação, urgentemente, o Projeto de Lei do
Patrimônio Histórico e o do “alvará verde”, porque graças a essa enrolação, a
essa procrastinação a que assistimos, é que está ocorrendo mais poluição na
Cidade de Porto Alegre, porque, se tivéssemos o alvará verde em funcionamento,
teríamos muito mais fiscalização por parte da Prefeitura em cima das frotas
públicas, inclusive com a população ajudando a cuidar. Essa é a denúncia que
queria fazer desta tribuna. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o Ver.
Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, todas as pessoas que estão no fundo deste Plenário foram
despejadas, colocadas no “olho da rua” pela SMOV. Ali estão três crianças - a
outra está lá fora -, e essas crianças ficaram na rua, ao relento, porque a
SMOV resolveu cumprir a política da Administração Popular e condenou o barraco
onde viviam. Eram dez barracos nas proximidades do Arroio do Moinho, no
Partenon, proximidades da Escola Jerônimo de Albuquerque, na Rua Juarez Távora,
mas, em vez de cumprir aquela política demagógica que era pregada
anteriormente, antes de chegar à Prefeitura Municipal, arrumando um lugar onde
elas pudessem colocar as suas casas, as suas roupas, a sua família,
simplesmente a Administração chamada “popular” resolveu derrubar os barracos,
amontoar as tábuas em dois caminhões, levar tudo para um lugar que elas
desconhecem, atirar a roupa delas na rua, derrubar a comida, que já é pouca, e
colocar as famílias ao desamparo, sem terem para onde ir. Agora elas vieram me
procurar, e eu até pensava que fosse um problema com o DEMHAB. Tentei fazer
contato com o DEMHAB; não é com o DEMHAB. Lá, no DEMHAB, me avisaram que o Dr.
Hélio Corbelini é quem lidera uma comissão que está fazendo a averiguação da
ocupação em áreas verdes; elas estavam, exatamente, numa área verde. Nós não
estamos querendo dar força para que as pessoas ocupem áreas verdes, mas nós
queremos acabar com a demagogia do PT. São dez famílias que foram colocadas na
rua e o PT não quer nem saber. Deram uma notificação para que, em dez dias,
elas derrubassem os seus barracos e se mudassem de lá. Só que elas não tinham
para onde se mudar. Apelaram para todo o mundo e não tinha quem oferecesse
nenhum tipo de guarida para elas. Hoje, passados dez dias depois da notificação
que a SMOV deu, chegou lá o pessoal da SMOV, colocou os dez barracos no chão, e
aí estão as pessoas que não têm para onde ir. E há crianças também! E a comida
deles? Não há comida! E aí? Onde está o PT? Onde está o PT? Onde está esse
partido que vem aqui só pregar demagogia? Onde está esse partido que prega que
as pessoas não podem ficar sem casa, sem habitação? Tinham de ir, como diz aqui
o meu amigo Morelli, acampar lá na sala do Dr. Olívio, na Prefeitura! E tudo
isso só porque estavam em cima de uma área verde, ali perto do Arroio do
Moinho. A questão é que, se for tirar, tira, mas leva para outro lugar. O que
não pode é simplesmente derrubar o barraco dessa gente e levar as tábuas
embora. Não deram nem oportunidade para que erguessem o barraco em outro lugar.
Eu estou tentando falar com o Dr. Hélio Corbelini; não consegui. O Dr. Hélio
está ocupado. Tentei falar com a Lires; não consegui também, mas falei com a
Mariazinha, lá no DEMHAB. Alguém tem de resolver essa situação. É prestação de
contas; tem de cobrar tudo isso. Nós aprovamos aqui um orçamento riquíssimo
para que a Administração chamada “popular” pudesse fazer uma boa administração
nesta Cidade, e simplesmente o que eles fazem? A primeira ação, depois de
aprovarmos aqui esse Orçamento riquíssimo, é simplesmente colocar as pessoas
mais pobres desta Cidade sem ter onde morar.
Acredito
que essa demagogia tem de terminar. Acredito que a situação dessas pessoas tem
de receber, pelo menos, uma orientação, porque as colocaram na rua sem lhes
dizer nada. Elas estão completamente perdidas, não sabendo para onde se
dirigir. São dez famílias, com quatro que não têm onde ficar.
Coloco
isso em debate nesta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. MANO JOSÉ: Para um Requerimento.
Requeiro que seja retirada dos Anais desta Casa a manifestação de hoje da
Tribuna Popular. Julgo, em relação a essa cedência de tempo que prevê o art.
100, que seja fornecido tempo a entidades sindicais com sede em Porto Alegre,
entidades representativas de moradores ou outras que tenham atuação no âmbito
municipal. Desconheço o Coletivo Feminista de Porto Alegre. Não tenho, no
processo, uma folha ou papel timbrado do Coletivo Feminista, nem endereço, nem
telefone.
Então,
requeiro que seja ouvida a Comissão de Justiça para que fatos como esses não
ocorram nesta Casa. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe o
Requerimento, defere e vai enviar à Comissão de Justiça.
Com a
palavra o Ver. João Dib em Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, meu caro Ver. Luiz Braz, moradores do Arroio do Moinho. Sabem que
neste documento a SMOV tem razão? Em parte, é claro, numa só coisa: identificou
um ponto que oferece perigo, e, no momento que identificou o local que oferece
perigo, caberia à Prefeitura Municipal, que alinhou dezenas de pessoas aqui
para trazer cartazes agredindo os Vereadores, providenciar para que elas fossem
relocalizadas, mas não demolidas as suas casas.
E por
isso que vim à tribuna naquela tarde memorável e peguei o relatório da
Administração de 1985, que mostrava que eu tinha adquirido 82 hectares para
relocalizar pessoas naquelas condições; naquela oportunidade, ninguém sofreu a
pressão da Prefeitura. Imaginem se o PDS estivesse na Prefeitura e fizesse uma
cosia dessas! O PT trituraria a Prefeitura Municipal, mas agora, feito por
eles, vale, e devo dizer que na Chácara da Fumaça há ainda área para ser
ocupada por pessoas que estão querendo morar, morar dignamente, morar com
tranqüilidade e segurança. É zona de risco - a SMOV está certa -, mas não
competia à SMOV fazer o que fez, de forma nenhuma. O DEMHAB deveria
providenciar a mudança. É para isso que ele existe - senão, fechem -, não é
para fazer publicidade. É por isso que noto a grande diferença do “PT pedra” e
do “PT vitrine”. O Prefeito hoje veio a esta Casa trazer as contas da
municipalidade, e só veio depois que eu reclamei daqui que o que ele estava
fazendo nas ruas da Cidade descumpria a Lei Orgânica, que fazia com que ele
devesse trazer, mensalmente, as contas da Administração muito bem detalhadas,
que deveria trazer os gastos de publicidade. Imaginem se o Sr. Alécio Ughini
fizesse propaganda para o PDS! O PDT massacraria o Sr. Alécio Ughini, faria
dele não-sei-o-quê! Mas para o PT pode fazer que está tudo bem. Agora continuam
mentindo. O Prefeito continua tirando dinheiro do povo e dos servidores municipais
também. Já disse que ele tirou o dinheiro dos servidores municipais. Ele pura e
simplesmente não está ligando. Diz que vai continuar tirando - um homem que
consegue fazer mais do que 100% numa coisa que só dá 100%! Dezoito por cento de
investimento, 75% ou mais para o funcionário, porque, se fosse menos do que
72%, ele tinha que dar 80% da inflação dos dois meses. Ele dá 60%. Significa
que é mais do que 72%, talvez mais do que 75%, do que 80%. Agora, somando 72%
com 18%, dá 90. Seis e meio que ele é obrigado em função do dinheiro que recebe
para que as transferências aconteçam... são 96.5%. Agora, alimentos para o
Pronto Socorro, medicamentos, energia elétrica, telefone, combustíveis,
lubrificantes, papel para a manutenção das escolas, dos serviços da Prefeitura,
para fazer essa porcaria de documento que ele entregou para os moradores do
Arroio do Moinho também tem que gastar dinheiro. Mas o dele deve ser um
dinheiro fêmea ou então aquilo que eu perguntei a ele. Porque o que estou
dizendo aqui eu perguntei a ele. Eu gostaria que ele entregasse as contas aqui,
hoje, porque ele iria ouvir o que eu penso do que acontece. Eu perguntei aqui a
ele se ele multiplicava pães e peixes, à semelhança de Jesus Cristo, para fazer
com que o dinheiro pudesse ser mais do que 100%. O dele era 104, 107, 110,
porque ele dizia que gastou 102% com os municipários em 1989 e pagou os
atrasados de fornecedores e empreiteiros, atrasados que não eram dele, que eram
do Prefeito Alceu Collares. Eu nunca vi fazerem isso, mas ele fazia. Cento e
dois por cento para os funcionários! Pagou atrasados de empreiteiros e
fornecedores da Prefeitura e continuou comprando e pagando. O dinheiro é uma
maravilha! No ano passado o balanço da Prefeitura foi favorável cerca de 750
milhões de cruzeiros. Pois bem: se este ano as coisas andarem como estão agora,
que não estão sendo empenhadas na Prefeitura as despesas, deve dar alguns
bilhões de cruzeiros para o PT, do meu querido Presidente José Valdir, poder
fazer um bom papel para as eleições. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Omar Ferri, nos termos do inc. II do art. 81.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, meu prezado amigo Dilamar Machado, eu até gostaria que me fosse
negado esse tempo de uso, desta possibilidade conferida pelo art. 81. É que
este assunto é muito mais importante do que o assunto mencionado desta tribuna
pelo Ver. Gert Schinke, não que o Ver. Gert Schinke não tenha razão; tem razão.
Se for verdade aquilo que o Ver. Gert Schinke afirmou desta tribuna, não se
pode tirar razão do Vereador. Eu mesmo tenho algumas coisas tramitando por aí,
que misteriosamente não se resolvem. Por exemplo, a minha Comissão de Inquérito
com relação ao Muro, da vergonhosa “cortina”, da Mauá já sei que terminou.
Terminou a Comissão do Lixo e a minha ainda não entrou pelos caminhos reais e
concretos para que ela pudesse se movimentar. Eu também, esses dias, por causa
dos redutores, Sr. Presidente, requeri que o Plenário ouvisse o Secretário dos
Transportes desta Capital para que se manifestasse acerca das razões que
levaram a Secretaria a estabelecer redutores de velocidade. Faz mais ou menos
uns quinze ou vinte dias. Até hoje este Vereador não ficou sabendo de mais nada
a respeito dessa matéria, considerada por este Vereador importante. Como não?!
Mas, mais importante, Ver. Luiz Braz, é essa denúncia de V. Exª, e me disse o
Ver. Dib que a Guarda Municipal foi empregada, inclusive armada, contra quatro
criancinhas, contra gente pobre, porque tinham os seus dez barracos numa área
verde. Hipocrisia! Hipocrisia! Acho que o Secretário de Viação e Obras Públicas
deveria também dançar um bolero com a Secretária e Diretora-Presidente do
DEMHAB, de preferência os dois de rostinhos colados. O nome do bolero eu vou
dar: “Hipócrita”! “Hipócrita, hipócrita, sensilhamente hipócrita, perversa te
burlaste de mi.” É o que faz a Administração Popular! Por que hipócrita? Porque
já vim aqui nesta tribuna e denunciei várias vezes. Se o problema é expulsar
aqueles que ocupam os próprios públicos, se o problema é expulsar aqueles que
ocupam áreas verdes e praças, por que não expulsar aqueles que estão
obstaculizando ruas e estradas da Cidade? Estão construindo, inclusive, casas
de alvenaria em ruas da Capital. Vou dar dois exemplos: a Frederico Mentz, em
Navegantes, tem mais de vinte casas construídas no leito da rua. A Rua Ernesto
Pelanda está interrompida, completamente, porque lá foram construídas mais de
cinqüenta casas. Há vários anos, o Prefeito de V. Exª já recebeu mais de dez
abaixo-assinados e umas dez comissões e nada fez. Rua Ernesto Pelanda, nas
proximidades da colônia de férias, nas proximidades da Vila Ipiranga. A
ocupação dessa rua prejudica moradores dos dois lados da rua, que sequer têm
condições de estacionar os seus automóveis nas suas garagens e pagam Imposto
Predial, mas não fazem o uso pleno da propriedade territorial e predial urbana.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) A Prefeitura Municipal acionou em juízo
alguém que abriu uma parede do seu negócio para um terreno que era da
Prefeitura, na Av. Goethe com a Vasco da Gama. Colocaram muro, fizeram cerca e
um horror de coisa. Aí começaram a construir um prédio no terreno da Prefeitura
na Av. Goethe. Eu avisei que estavam fazendo um prédio sem engenheiro
responsável, sem planta, sem coisa nenhuma, e lá está um belo bar de alvenaria,
de primeira qualidade, com mesas na rua, e a “popular” não viu nenhuma vez, e
não foi porque eu não tenha avisado, no mínimo, umas dez vezes. Agora, ali no
Arroio do Moinho o negócio é sério.
O SR. OMAR FERRI: Está certo, tem que se
dançar o bolero, de preferência de rosto colado. Tem bolero, tem maxixe, tem
tango, rumba.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Achei que estava desligado o microfone e
falei meio alto...
O SR. OMAR FERRI: Desligada está a
Prefeitura com os problemas de Porto Alegre.
O Sr. José Valdir: Essa é a sua opinião.
O SR. OMAR FERRI: Não é opinião minha. É
opinião do Ver. Luiz Braz, do Ver. João Dib, é a opinião desta Casa. Só não é
opinião do PT, mas é opinião até do Ver. Gert
Schinke, ex-PT.
O Sr. José Valdir: Portanto, não é
opinião da unanimidade da Casa. Mas o que eu queria colocar é que justamente
existem problemas desses, de áreas públicas ocupadas por particulares, e, como
V. Exª disse, há anos. Se houve violência, não concordo, e até posso concordar
com muita coisa que falou o Ver. João Dib. As preocupações da Prefeitura em
impedir que se constituam situações que de novo se cristalizem, como essas que
V. Exª está cobrando, que há anos aconteceram na Cidade, eu acho que está
correto. Ao Poder Público cabe evitar que aconteçam situações como essas, de
praças, de áreas públicas ocupadas por particulares. Ou V. Exª é a favor de que
as áreas públicas, áreas verdes sejam ocupadas?
O SR. OMAR FERRI: Não sou a favor nem
contra coisa nenhuma. Eu quero que se cumpra a lei. Estabeleço um critério de
valoração de diferenças. Expulsaram criancinhas que estavam comendo. Tiraram
comida da boca de crianças que estavam passando fome, expulsaram a miséria, e,
quanto às casas de alvenaria que estão sendo construídas, feitas nas ruas, essa
administração municipal nada faz e nem se importa.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Posso concluir o meu aparte? Essas situações
denunciadas - como casas de material - por V. Exª são situações consolidadas,
que já existem há muito tempo. Não concordamos, e V. Exª não concorda, o que
não significa concordar com a violência. Agora: que as áreas públicas, praças,
não podem ser ocupadas, até porque há milhões de pessoas passando fome neste
País, sem lugar para morar... Se vamos ocupar todas as áreas públicas, então
não vai mais haver praças, não vai haver lugar nenhum. Então, vamos colocar todo
o mundo no Parque da Redenção.
O SR. OMAR FERRI: V. Exª está
generalizando pelo lado inverso, que não interessa nem a mim nem aos Vereadores
da Casa. De qualquer maneira, fica aqui, Ver. Luiz Braz, a minha solidariedade.
Eu desafio esta Casa a que me aponte um comportamento meu incoerente, que eu
hoje tenha sido diferente daquilo que fui ontem. Quantas vezes divergi do meu
Partido, do MDB, do PMDB, do PSB? Entendo que sempre tive razão nas minhas
divergências. A coerência é que confere dignidade à atuação do homem público, e
o PT tem sido incoerente, porque aí fora prega um tipo de política que nega
aqui dentro, e, quando faz campanha política, diz que a política vai se
desenvolver em favor das classes marginalizadas, e, quando ocorre violência -
há violência nos vários exemplos que esta Capital assistiu -, tem sido sempre,
incondicionalmente, deferida contra pessoas pobres, contra pessoas
marginalizadas, como é o caso denunciado hoje pelo Ver. Luiz Braz, aqui desta
tribuna. Portanto, a minha solidariedade a essas pessoas violadas, violentadas
e espezinhadas pela Administração dita “popular” e pela administração que
assumiu, tendo como princípio fundamental uma administração que estivesse
voltada em favor dos problemas que dizem respeito às pessoas mais humildes.
Quanto àqueles que podem construir prédios de alvenaria, contra esses a
administração nada faz. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Clovis Ilgenfritz em Comunicação de Líder.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, até por um dever de ofício, queria me dirigir especialmente ao Ver.
Luiz Braz, ao Ver. João Dib, ao Ver. Omar Ferri e ao Ver. Gert Schinke, bem
como aos senhores aqui presentes, buscando apoio dos Vereadores para corrigir alguma
coisa que estão entendendo que tenha sido mal praticada pela Administração
Popular.
Nós
providenciamos contatos telefônicos com o DEMHAB e a Secretaria de Governo para
ver o que realmente aconteceu, embora acreditemos nas palavras do Vereador, no
auto de infração e no pedido de desocupação dessa área.
O Ver.
José Valdir tentou fazer um aparte ao orador, eloqüente Ver. Omar Ferri, mas
foi difícil. Ele estava tentando colocar que nós temos coerência, tanto é que
essas coisas que ocorrem em Porto Alegre e causam espanto é uma coerência que,
às vezes, chega às raias do absurdo e cria esse tipo de problema que vamos
tentar corrigir. A verdade é que, se aconteceu violência, nós somos contra.
Condenamos se houve violência, mas não podemos deixar de entender que é
importante que a Cidade, o Prefeito, o Executivo, a Prefeitura assumam as suas
prerrogativas de não deixar que as áreas públicas, que as áreas que não são
particulares, que não são de propriedade das pessoas sejam tomadas e que haja
uma proteção de todas as áreas públicas, inclusive da Cidade, onde as áreas
particulares também estão sendo protegidas pela legislação. Agora, há muitos
casos que criam para a Prefeitura um problema até de desgaste quando a
Prefeitura vai a campo e resolve assumir as suas prerrogativas. Cumpria a
legislação: dar prazo para as pessoas, como é o caso lá, da beira do Guaíba,
que vem se estendendo já há três anos. Quantas e quantas reuniões fizemos com
aquela comunidade, com aqueles donos de bares, que indevidamente se apossaram de
terreno público e estão fazendo lá verdadeiras casas de comércio, de jogo e
casas de moradias ali, na beira do rio! Agora a quem devemos atender? À
legislação? Mas não é só à legislação que estamos atendendo. Estamos atendendo
a uma reivindicação forte da comunidade de Ipanema, que através das suas
entidades tem exigido da Prefeitura, através de abaixo-assinados, que se faça
alguma coisa. Agora, esse caso específico estamos investigando e queremos,
dentro de algum tempo, tentar trazer a resposta através da nossa assessoria
para os senhores que estão hoje aqui por uma demanda trazida pelo Ver. Luiz
Braz.
Com
relação às questões colocadas pelo Ver. Gert Schinke, eu estive afastado do
Plenário por um minuto e não ouvi todas as questões, mas me parece que, no que
concerne à Bancada do PT, estamos tentando levar a coisa a bom termo. Já
conversamos, inclusive, com o Vereador, mas vamos ver novamente se o assunto
não teve andamento, vamos ver como corrigir possíveis problemas que estejam
havendo com relação ao projeto que o Vereador reclamou.
Com
relação à questão do Ver. Artur Zanella, não compete a nós. Compete à Casa, à
Mesa, e, no que concerne a nós, na Mesa, vamos também levar esta reivindicação.
Para
concluir, queremos dizer, Ver. João Dib, que não vai ser fácil, mas vamos
resolver o problema dos funcionários. Essa não é uma questão só nossa. É uma
questão muito delicada, que tem de ser vista com muito cuidado para que não se
criem problemas insolúveis para a Prefeitura e para a Administração de Porto
Alegre, que não é do PT ou do PCB, mas é nossa, é da Cidade, e a Cidade está em
primeiro lugar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período
de
COMUNICAÇÕES
O Ver.
Elói Guimarães está inscrito no período de Comunicações e cede seu tempo ao
Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Partido dos Trabalhadores, pela ação que tem na área de habitação
popular e particularmente na área do transporte coletivo, com esse exemplo vivo
aqui hoje caracteriza muito bem esse fato e me lembra um personagem de Jorge
Amado, do livro “Os Velhos Marinheiros”. O personagem, se não me engano - eu li
esse livro há muito tempo, Ver. Omar Ferri -, chamava-se Vasco Moscoso do
Aragão. Era um personagem que botou na sua cabeça que ele sabia tudo de
navegação marítima - assim como o PT assumiu sabendo tudo de transporte
coletivo e de habitação popular. Assim, esse Vasco Moscoso do Aragão passava o
tempo todo com boné de marinheiro, mentindo para a comunidade de uma pequena
cidade em que morava, dizendo que ele era o maior lobo do mar, o maior
navegador. Sabia tudo! Até que um dia, por azar desse cidadão, o capitão do
navio que havia atracado no cais do porto daquela cidade morreu e o Prefeito,
como solução, chamou o lobo do mar que contava histórias que não eram suas a
vida toda e disse: “é a tua oportunidade de voltar ao mar; vais levar o navio
até o próximo porto.” O que ia fazer o Seu Vasco? Teve de entrar no navio, e
havia um cidadão na cidade que desconfiava - era da oposição - que ele não
entendia nada de nada. Era o Dr. Mundinho. E entrou no navio com um sorriso
irônico, olhando o Vasco... (Aparte anti-regimental.) Não; Mundinho é
personagem de vários livros de Jorge Amado. Sorriso irônico olhando o Vasco. E
este não perdeu a linha; ele tinha aquela mesma arrogância. Olhou para o
imediato e este lhe perguntou: “quais as ordens?” Ele respondeu: “as de praxe;
tire o navio do porto.” O imediato manobrou o navio e foi para o alto mar e ele
foi dando as ordens de sempre, as de praxe, as comuns. Ele ia levando vantagens
até o momento em que chegou ao próximo porto. O imediato olhou para ele e
disse: “ordens de atracar?” Ele disse: “as de sempre.” O imediato lhe disse:
“Capitão, só V. Sª pode dar as ordens. Quantas âncoras?” Ele disse: “todas.” E
os marinheiros e os passageiros caíram na risada, porque duas âncoras
bastariam, mas lançaram vinte âncoras. “Quantas amarras? Todas.” Ele não sabia
o que dizer. Amarraram o navio de tudo quanto era lado, e a risada foi tão grande,
que ele sentiu que tinha dado a grande mancada da vida dele e foi tomar um
porre num bar da cidade e dormiu bêbado. Quando amanheceu o dia, havia uma
banda de música, a comunidade toda daquela cidade portuária, os marinheiros
perfilados para agradecer aquele lobo do mar que havia salvado o navio, porque,
durante a madrugada, a mais violenta tormenta da história daquele porto
derrubou tudo que era material, equipamentos do porto; levou todos os barcos,
menos aquele que tinha vinte âncoras e vinte amarras. Assim é o PT com a
habitação popular. Exatamente assim é o Partido dos Trabalhadores com a
habitação popular. Não entende absolutamente nada da matéria. Esta questão
dessa pobre gente que está aqui, esta questão, Ver. José Valdir, V. Exª, que
tem origem nas vilas populares, ela é fundamental para qualquer Administração.
Não se pode pisar em cima do pobre, da pessoa empobrecida, marginalizada,
quando se tem o poder na mão, sob pena de nós nos transformarmos em
autoritários. Isso aqui não é questão da SMOV - não, senhor! Isso é questão do
DEMHAB. Nós aprovamos, há poucos dias, um Orçamento de 38 bilhões de cruzeiros
para o DEMHAB. É o maior Orçamento fora a Centralizada; é maior que o do DMAE,
é maior que o do DMLU. E o DEMHAB não tem cinco, dez, vinte mil, duzentos, um
milhão, dois milhões de cruzeiros para fazer casa de emergência para essa
gente? A Chácara da Fumaça está cheia de terrenos. Há poucos dias expulsaram de
lá dezenas de famílias sob a alegação de que vão utilizar a área para construir
544 apartamentos. Mas quem dessa gente aqui poderá, Ver. Omar Ferri, comprar um
apartamento se precisa ter uma renda mínima de cinco a dez salários mínimos?
Essa gente não ganha um. Nós utilizamos a área da Chácara da Fumaça, que,
diga-se de passagem, tinha um projeto para construir mais de 1500 apartamentos
quando da gestão do então Prefeito Collares. Eu acabei com aquele projeto de
apartamentos porque eu sabia que não iria resolver o problema daquela gente
pobre. E nós fizemos convênio com a SEAC, com a Metroplan e com o DEMHAB, que
não está sendo honrado pelo personagem do Jorge Amado porque não entende de
habitação popular. A área da Chácara da Fumaça foi entregue à comunidade pobre
que ali se instalou. A infra-estrutura foi colocada com recursos do Governo do
Estado via Metroplan, e compreenda-se aí a terraplenagem, a rede elétrica, a
rede de água e uma fossa para cada habitação. O terreno foi entregue pelo
DEMHAB e as casas foram construídas pela SEAC, e o projeto é que os moradores
da Chácara da Fumaça pagassem 10% do salário mínimo, durante cinco anos, para a
Associação dos Moradores da Chácara da Fumaça para que, com esses recursos,
pudesse complementar obras essenciais, como pavimentação das ruas, construção
de creches e postos de saúde. Pois a administração petista está forçando os
moradores da Chácara da Fumaça a assinar contratos para pagar agora, nesse mês
de novembro, que terminou, trinta mil cruzeiros por mês. Isso é um crime,
companheiros do PT, contra aquela pobre gente que se implantou na Chácara da Fumaça!
E ali estão papeleiros, pessoas que foram retiradas debaixo dos viadutos, das
praças, nunca com demolição, jamais! Nós transferimos, aqui do Arroio Dilúvio,
junto à atual Av. Beira-Rio, 96 famílias, Ver. João Dib, que há anos ocupavam
aquela área de risco, mas extremamente negociado, com extrema humanidade,
tratando gente pobre com respeito, com carinho ao ser humano, e as transferindo
pacificamente para as suas casas na Chácara da Fumaça, com água, com luz, com
teto, com dois quartos, com banheiro, com sanitário. Agora vejam o exemplo. Eu
conheço esse processo, sei qual a resposta que virá: “estamos estudando”. E os
senhores, que aqui estão com as suas crianças, foram despejados. Lamento que o
Ver. Lauro Hagemann esteja, neste momento, ausente do Plenário, mas lembro a
luta que tivemos, Ver. Adroaldo Correa, para incluir na Lei Orgânica do
Município aquele capítulo sobre direito real de uso, e essa gente estava há
mais de cinco anos naquele local chamado Arroio do Moinho. Não é um local
definitivo, como definitiva não é a Vila Tripa; como definitiva não pode ser a
Vila Cai-Cai; como não pode ser a Vila Planetário; como não pode ser a Vila
União em parte; a Vila Nazaré no seu todo; a Vila Tio Zeva; a Vila Esperança; a
Vila Nossa Senhora das Graças; a Vila Icaraí. Nenhuma dessas oferece condições
definitivas, mas continuam lá. Mas aqui, nesse assunto, deve haver alguma razão
especial, alguma razão particular que eu ainda não entendi, mas vou acabar
entendendo. Eu não sou receituário do PT, não sou médico da Administração, mas
vou encaminhar ao companheiro Clóvis Ilgenfritz, pelo respeito que tenho pela
sua posição ideológica no trato da administração com a pobreza marginalizada
desta Cidade: fale com a Drª Lires Marques, Dr. Clóvis Ilgenfritz, e diga para ela
utilizar aquele terreno que o Ver. Dilamar Machado adquiriu próximo à Vila
Orfanotrófio e que ela encaminhou um pedido de inspeção e de denúncia ao
Tribunal de Contas do Estado, sendo que hoje eu entreguei a minha defesa ao
Tribunal de Contas do Estado. Que ela utilize aquele terreno que eu comprei
para o DEMHAB, onde dá para implantar, no mínimo, vinte moradias populares. O
terreno é do DEMHAB; foi comprado, foi estruturado; está de posse do
Departamento e não está sendo utilizado pelo DEMHAB. Façam ali para essa gente
dez ou quinze casas de emergência; implantem ali um processo de habitação
popular adequado à pobreza, à falta de recursos desses cidadãos que aqui estão.
E por aí sigam esse exemplo; é fácil. A área da Metralhadora deve ter espaço
hoje, no mínimo, para implantar mil habitações populares tipo a Chácara da
Fumaça. É só querer fazer. Caso contrário, vão ficar que nem o Vasco Moscoso de
Aragão. E eu acho que para o PT não vai ter tormenta salvadora. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Artur Zanella para uma Comunicação de Líder.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, pediu-me agora a Diretoria Legislativa que eu falasse sobre um
projeto objeto de um pronunciamento do Ver. Gert Schinke. Ele sabe o que
aconteceu, mas espero que os demais também saibam.
Esse
projeto foi solicitado à CUTHAB e, por um erro da CUTHAB, não foi feito o
protocolo de saída. Ele foi solicitado por mim para ser reconstituído; a DL
assim procedeu. O projeto foi à CUTHAB e depois entregue ao Ver. Gert Schinke -
isso há dias. Eu, pessoalmente, já lhe disse que procuraria aprová-lo, pois ele
tem um problema. Tento salvar o seu projeto, mas, a partir desse momento, vou
colocar aos colegas o que é o problema.
Ele
apresentou um projeto criando um alvará verde para a fiscalização dos ônibus,
além da mecânica ser também um dos aspectos dos poluentes. Ocorre que somente
um aparelho há nesta Cidade que faz esse tipo de análise. Ele fica um mês na
SMT e um mês na Brigada Militar. Por isso, há o perigo de, no mês em que ele
ficar com a Brigada Militar, não haver liberação de ônibus em Porto Alegre, não
haver vistoria. Se ele estragar, não haverá liberação em lugar nenhum em Porto
Alegre. Por isso, como todos os outros, o projeto é simpático, bom, mas pode
inviabilizar a vistoria mecânica em Porto Alegre, dado que, se estragar ou não
estiver na SMT, um ônibus poderá andar na Cidade sem o alvará verde, e ele
poderá ser impugnado, multado.
O Ver.
Gregol pede que se compre outro. Até lá toda a vistoria ficará inviável. Tento
salvar o projeto. Ele já está em mãos do Ver. Gert após vários desencontros,
extravios, mas já está recuperado e há ainda doze dias para sua votação. E, já
que foi pedida urgência e não vou poder fazer o parecer, no dia vou pedir para
que o projeto não seja aprovado, porque é um projeto que tem uma boa intenção,
mas pode inviabilizar a vistoria nos ônibus da Cidade e pode trazer um grande
problema para o Município. Se exigirmos um tipo de análise que só um aparelho
na Cidade pode fazer e esse aparelho ficar um mês num órgão e outro mês em
outro, quem vai se responsabilizar se houver algum problema é a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre. Eu não tenho nada com a Prefeitura, mas pretendo
proteger o Município de uma eventual ação judicial no caso de ocorrer algum
problema com um ônibus, porque esse ônibus não terá a liberação da vistoria
mecânica, que é uma das coisas mais importantes desta Cidade. Fui Secretário
Municipal dos Transportes, e a garantia do transporte, a garantia de que a
Prefeitura não será processada num eventual acidente é, exatamente, a vistoria,
o carimbo, a assinatura de um técnico da SMT. O Ver. João Dib foi Secretário
dos Transportes, o Ver. Elói foi, o Ver. Antonio Hohlfeldt também, e todos sabem
que é uma coisa muito séria a vistoria e não podemos deixar, na minha opinião,
à mercê de um aparelho que é volante e que pode estragar, além de só existir um
em Porto Alegre. Então, é por isso que estávamos tendo todo esse cuidado na
apreciação desse projeto, e o Ver. Gert sabe perfeitamente que foi extraviado o
projeto. Foi pedida por mim a sua reconstituição e já está nas mãos do Ver.
Gert, pelo que sei, desde sexta-feira. (Aparte inaudível do Ver. Gert Schinke.)
Não vou
pedir o art. 81, Ver. Gert, por um simples motivo: porque, se tiver que pedir o
art. 81, vou dar parece contrário e não quero fazer isso com o projeto de V.
Exª. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. VICENTE DUTRA
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, tendo em vista a denúncia feita pelo Ver.
Gert Schinke, da tribuna, nesta tarde, tenho a esclarecer à Casa, na qualidade
de Presidente da Comissão de Justiça, que o PLCL que trata do assunto do lixo,
Projeto de Lei 29/91, já está na Ordem do Dia, independentemente da provocação
feita da tribuna pelo Ver. Gert Schinke. Quanto ao Projeto de Lei Complementar
do Patrimônio Histórico e Cultural, Natureza e Paisagística, Processo nº
910/91, realmente o Ver. Gert Schinke tem razão. Estava com uma tramitação
demorada, mas não estava mais na Comissão de Justiça, a bem da verdade, quando
o Vereador ocupou a tribuna. Mas, nesse sentido, em solidariedade ao Ver. Gert
Schinke, estou requerendo à Mesa a inclusão pelo art. 81. De modo que dou esse
esclarecimento ao Ver. Artur Zanella: basta que alguém requeira o art. 81 para
o alvará verde.
O SR. PRESIDENTE: V. Exª tem que
requerer por escrito.
Com a
palavra, o Ver. Dilamar Machado, que cede seu tempo ao Ver. Luiz Machado, em
Comunicações.
O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, vou sair um pouco do tema em discussão neste momento para falar de
um acidente que vitimou mais uma criança nesta Cidade na última sexta-feira.
Ela estudava na Escola de 1º Grau Incompleto Araguaia, na Estrada Gideon Leite,
próxima à Edgar Pires de Castro, no Bairro Hípica. Essa criança atravessou na
faixa de segurança ali porque a escola fica a mais ou menos 400m da rua
principal, Edgar Pires de Castro. Toda a população vem do Bairro Hípica para
essa escola, e esse menino, com apenas nove anos, foi vítima, perdendo sua vida
ao atravessar a Edgar Pires de Castro.
Portanto,
este Vereador, não querendo usar esse acidente que vitimou mais uma criança,
vem, mais uma vez, trazer esse tema, Ver. Giovani Gregol, Ver. Adroaldo Corrêa,
para discussão sobre os redutores de velocidade próximos às escolas. Disse e
repito, sempre, que uma coisa é fazer a instalação de redutores de velocidade
em bairros nobres e outra coisa é não olharmos os redutores de velocidade
próximos às escolas em bairros pobres, onde a dificuldade para o transporte é
grande e as crianças vão a pé para a escola.
Então,
fica aqui, nesse momento em que a família sofreu a perda dessa criança, a
sugestão para que se leve ao Prefeito essa questão, que próximo às escolas
sejam colocados redutores, já que não se diz mais quebra-molas - acharam outro
termo. Portanto, não é por essa vítima, mais uma vítima desse trânsito maluco,
mas eu acho que chegou a hora de nós, responsáveis pela coisa pública, trazer
de público acontecimentos como esse para que mudem algumas instalações de redutores de
velocidade em locais como o Estaleiro Só, onde não trouxe benefício nenhum
porque não atravessa criança e nem pedestre nenhum naquele local. Acho que os
redutores próximos às escolas seriam muito bem aproveitados.
Mas,
Srs. Vereadores, ocupo o espaço do Ver Dilamar Machado, o qual me cedeu o seu
tempo, também não só para falar de coisas tristes, sobre a morte desse garoto,
mas para falar de algumas coisas positivas. No dia 20 passado, estive com o
Prefeito Olívio Dutra para tratar de dois assuntos importantes da comunidade:
um sobre o Distrito Industrial e o outro sobre a criação de ruas de lazer para
o nosso bairro, que este Vereador já havia protocolado na Câmara, e já foi
apregoado na Mesa um pedido de providências para que possamos nós, moradores,
usufruir da rua de lazer na Restinga nos finais de semana. O trecho
compreendido entre a Rua Macedônia e a Rua Oscar de Oliveira Ramos, na Nilo
Wolf, é um trecho de aproximadamente 350m que vai trazer grande benefício a
nossa população porque não vai criar problema algum de trânsito no local, pois
a Av. Macedônia e a Engº Oscar de Oliveira Ramos são paralelas. São ruas em que
pode fluir o trânsito livremente sem prejudicar o projeto, a proposta da
comunidade sobre a rua de lazer. Nessa rua de lazer apresentada ao Prefeito,
solicitamos que seja instalado um calçadão, calçadão esse em que irão os
artesãos nos finais de semana expor o seu material para ganhar o pão de cada
dia. Não queremos feira nesse local. Queremos o calçadão para aquelas pessoas
que, no ardor da luta de cada dia, produzem o seu artesanato, como as senhoras,
com os seus tricôs, crochês, os senhores, jovens, que procuram seus artesãos,
muitos fabricando móveis, cadeiras, brinquedos para as crianças, para que
possam expor as suas mercadorias nesse futuro calçadão na Av. Nilo Wolf, nesse
trecho de 350m, que seria da Av. Macedônia à Engº Oscar de Oliveira Ramos. A
nossa preocupação é para que a comunidade possa usufruir mais um espaço de
lazer aos finais de semana. E o Prefeito recebeu com bom grado, dizendo que ia
consultar o Conselho Comunitário da Restinga, as comunidades, as entidades,
para tomar a decisão nos próximos dez dias. Como eu sei que a comunidade vai
receber de bom grado, eu sei que será implantado um benefício para a nossa
comunidade, que é a rua de lazer para a Restinga.
Sobre o
Distrito Industrial, estava presente também nessa reunião o Secretário de
Indústria e Comércio, Dr. Viana, que expôs para este Vereador o Projeto
Distrito Industrial, dizendo que dará início às obras em março de 1992. O
Prefeito fez questão de colocar a este Vereador que pode anunciar à comunidade
que a primeira etapa do Distrito Industrial ficaria pronta até agosto de 1992.
Portanto, para nós é uma notícia muito importante. A comunidade batalhou e
recebe, pelo menos, uma luz no fundo do túnel. Eu acho que é assim que se faz
política. É visitar quem dirige os destinos desta Cidade, cobrar as
reivindicações da nossa comunidade, fazendo com que a comunidade seja atendida
no mínimo necessário, que é gerar mão-de-obra para a nossa população. Também
ficou um pedido ao Prefeito, um pedido de providências, que foi apregoado pela
Mesa há pouco mais de dez dias, solicitando o aumento da frota da Empresa
Tinga, para que pudesse atender, no futuro, a demanda, porque vem a 5ª Unidade
para a Restinga no ano de 92 e precisamos de mais ônibus, porque tem de
aumentar o espaço-horário para os ônibus via Tristeza, principalmente nos fins
de semana. Sábado, domingo, não há ônibus nesse itinerário e a população fica à
mercê da própria sorte, e aqueles trabalhadores que se dirigem, via Tristeza,
ao Centro ficam sem ônibus. Portanto, o Sr. Prefeito recebeu a reivindicação da
comunidade e ficou de estudar a liberação de mais ônibus para a Empresa Tinga,
ou seja, dando licença para os mesmos adquirirem mais 25 ou trinta ônibus. A
Empresa se colocou favorável ao pedido da comunidade, só que, para atender a
demanda, necessita comprar mais ônibus. Eu posso dizer que foi uma conquista da
comunidade receber a notícia de que, em janeiro de 1992, darão início às obras
da 5ª Unidade, que irá atender mais três ou quatro mil pessoas com a construção
de mais mil moradias e, com isso, o atendimento tem de ser o melhor possível em
termos de transporte. Vai gerar, também, mão-de-obra no nosso distrito
industrial. Acho que é esse aí o caminho para o crescimento daquele bairro, que
é um gigante, mas que necessita ser conduzido, ainda, pela mão por alguns anos
ainda para ter a sua futura independência. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o
Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, antes
que o nobre Vereador utilize os seus dez minutos, e não cinco, porque estamos
em período de Comunicações, eu perguntaria a V. Exª se confirma a informação
dada pelo Presidente Antonio Hohlfeldt de que esta Casa realizará amanhã, pela
manhã, uma reunião extraordinária.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa dará a
informação tão logo receba a resposta. O próximo inscrito é o Ver. José Valdir,
que cede seu tempo ao Ver. Clovis Ilgenfritz.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, parece que a situação não é fácil. Nós já conversamos com o Ver.
Luiz Braz e o Sr. Ubirajara, que representa os moradores daquele local, e, de
fato, são moradores há cinco anos. É uma localidade de risco, é uma área
pública, e a informação que temos é de que havia vários contratos pedindo que
se retirassem, o último com prazo fatal, para que fossem para outros lugares. O
Vereador, neste momento, é impotente para resolver essas questões, mas vamos
continuar gestionando junto ao Executivo. Falamos com o DEMHAB, com a
Secretaria de Governo, com o Gabinete do Prefeito, e não é falta de interesse
nosso em resolver o problema. Nós também achamos, e o Ver. Dilamar tem
experiência no assunto, que há determinados tipos de problemas que é melhor não
resolver, entre aspas, do que querer resolver numa situação conjuntural como
agora. No caso, por exemplo, da Chácara da Fumaça, sou testemunha há muito
tempo dos movimentos que acontecem e penso que não há plano habitacional. A
imensa maioria da população que tem ocupado essas áreas não tem condições de
entrar num plano de financiamento. Nós já fomos lá, já mostramos a necessidade
de fazer uma conjugação de soluções nem tanto ao céu nem tanto a terra, porque,
por um lado, é preciso recurso federal para fazer algumas unidades, de uma
parte, para pessoas que têm um mínimo de poder aquisitivo e possam sustentar o
pagamento, depois, da mensalidade. No mais, tem de negociar com a população, em
nível cooperativado, formas de resolver o problema. Por exemplo: instalar na
Chácara da Fumaça apenas apartamentos, embora a gente saiba que o DEMHAB só tem
condições de fazer assim, porque o financiamento oficial só vem mediante determinadas
garantias. Aí se entra num círculo vicioso. Não há como a gente vencer esse
círculo vicioso, e hoje o terreno está designado para se fazer um determinado
tipo de projeto. Esse projeto tem de ter uma ocupação mínima de “x” unidades e,
se for fazer a ocupação que hoje as pessoas que estão lá querem, vai dar menos
de 1/3 de habitações ou de unidades habitacionais. Então, estamos diante de um
impasse, de um problema que, a rigor, em nível dos projetos e financiamentos
tradicionais, mesmo aquele chamado “social” pelo Governo Federal, vem através
da Caixa Econômica, que parou de financiar há muito tempo e que agora está
retomando. Mesmo esse não atinge as finalidades que hoje precisamos atingir.
Sou francamente favorável a uma solução conjugando esforços com a comunidade.
Por isso mesmo colocamos aqui, há bastante tempo, e infelizmente vamos ter de
pedir urgência, porque não temos tempo de cuidar do que é nosso em termos de
envolvimento com a Bancada, mas um projeto que cria os escritórios
comunitários. E o que é um escritório comunitário? É aquele setor da Prefeitura
que se instala em qualquer pecinha de 3 por 4, 10, 12m², e junto com a
comunidade vai resolvendo caso a caso, vai reunindo material, vai vendo
condições de criações de cooperativas, vai organizando as pessoas para que se
faça divisão da área; vai fazer a questão jurídica do usucapião se for o caso,
da regularização fundiária se for o caso; e esse escritório tem de funcionar
lá, junto ao problema. Não pode ficar encastelado nos escritórios centrais da
Prefeitura. Os técnicos da Prefeitura têm qualidade e condições de fazer isso,
têm que dar meios, e esses meios entendemos que podem ser facilitados - o
escritório também não é milagreiro, mas poderá criar condições de intervenção
direta. Estivemos em São Paulo e vimos aquelas experiências não só na Capital,
mas na grande São Paulo, onde esses problemas estão equacionados, através de
uma espécie de mutirão, com a ajuda de técnicos, bem como doação de área e
projeto e a entrada com certos materiais, inclusive uns ajudando outros,
formando brigadas de pessoas que se ajudam. Entendemos que não dá mais para
esperar pela solução do Estado, do Governo Estadual ou Federal, que está de
costas para esses problemas ao mesmo tempo em que os Estados alegam não ter
recursos. Mas o Município não tem o recurso, mas tem o problema. O problema
está sendo colocado não só para o Executivo, mas para nós, do Legislativo. Por
isso, temos de tentar soluções práticas, intermediárias, econômicas, cabíveis
para o caso.
Então,
Ver. João Dib, nosso ex-Prefeito, experiente Vereador, Ver. Luiz Braz, que traz
o problema, temos convicção de que vamos chegar a curto tempo a uma solução.
Inclusive estou para propor uma medida muito mais radical. Não podemos mais
buscar dinheiro fora para esse tipo de solução. Temos um Município com três
milhões de habitantes, na Região Metropolitana, que tinha de conseguir formas
de apanhar recursos próprios para poder subsidiar, não totalmente, mas em
parte, a habitação. O Governo está conseguindo saneamento básico, mas isso é
subsidiado. O Governo faz, e a população só vai começar a pagar depois que
estiver funcionando. Água é possível. E o DMAE está fazendo verdadeira
revolução na Cidade.
O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª fala bem. Colocou seu ponto de vista,
mas não se referiu ao caso concreto. Gostaria de ouvir qual o encaminhamento a
ser dado para essa gente aqui presente. Isso é importante. Em tese, sabemos que
é um problema grave.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Só queria dizer também
que estamos fazendo saneamento através do DEP, e o DEP faz e depois cobra. Se
nós não fizermos habitação para depois cobrar, para depois ver como podem
pagar, se é 10, 5, 30% da renda...
Temos
uma reunião às 18h com o Sr. Prefeito. Vou levar por parte da Bancada a
reivindicação para que esse caso seja visto de forma mais apropriada, se é o
que está acontecendo como dizem. Vamos fazer, em nome da Bancada, uma
reivindicação para que seja revertido o caso. É o máximo que posso fazer neste
momento.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Ervino Besson em Comunicação de Líder.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, mais uma vez venho a esta tribuna para, tristemente, denunciar um
grave problema: a realidade de nossa saúde pública, principalmente no que se
refere aos atendimentos de pessoas que necessitam ser hospitalizadas. Tivemos
oportunidade, nesses últimos dias, de lutar, peregrinar, implorar, para ver se
conseguíamos uma vaga para uma senhora, Dona Iolanda Gomes Ramos, que na
sexta-feira passada baixou o Hospital Pronto Socorro. Essa senhora teve uma
queda e uma fratura na bacia e, conforme informações dos médicos do Pronto
Socorro, ainda na sexta-feira à tarde ou à noite, essa senhora teria que fazer
uma cirurgia, haja vista a gravidade da situação, porque é uma senhora que tem
problema de diabetes e ela teria que ser operada na maior urgência possível.
Aí, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, iniciou-se uma grande luta nas portas dos hospitais
para se conseguir uma vaga para que essa senhora fosse transferida do Hospital
de Pronto Socorro para que ela fizesse uma cirurgia, e, lamentavelmente, até
hoje este Vereador, outras pessoas, cidadãos que nos honram com a sua presença
aqui na tribuna, teve oportunidade agora, há poucos minutos, de ver um cidadão
chorando no meu gabinete porque ele sabe, sente, está acompanhando o drama
dessa família e o sofrimento dessa senhora com 75 anos de idade, que já deu uma
vida para esta nossa Cidade, este nosso Estado, este nosso País, para o seu
engrandecimento. Quando uma pessoa necessita de um tratamento, necessita do
calor humano. Nós acompanhamos esses terríveis sofrimentos, conforme
informações obtidas por este Vereador de alguns médicos, dizendo: “Vereador,
este é o começo de uma triste realidade que nós vamos assistir e vamos ver;
vamos ver muitas pessoas morrerem na frente dos hospitais ou nas suas próprias
casas porque não têm mais condições os hospitais de atender aos pacientes.”
Veja, Ver. Dilamar Machado, a situação em que o nosso Presidente da República,
esse milagroso, esse homem que tudo faria para este País... Está fazendo tudo
mesmo - matando a população. O Ver. Clóvis Ilgenfritz há pouco disse que o
Presidente virou as costas para a população, e, ainda assim mesmo, com uma fita
preta nos olhos, tal é a realidade em que se encontra o nosso País. Os
hospitais da nossa Cidade que atendem principalmente na área de traumatologia
são uma verdadeira tristeza pela maneira como se encontram. E faz quinze anos
que aqui, em Porto Alegre, não se constrói um hospital, e, além disso,
hospitais estão se descredenciando do INAMPS, porque isso aí, minha gente, meus
caros Vereadores, caros companheiros que nos honram com sua presença aqui nas
galerias, é o interesse do Governo. Isso é uma política suja que o nosso
Presidente da República está usando para que os hospitais se descredenciem do
INAMPS para jogar a população do jeito que está jogando. Pobre povo brasileiro!
Para privatizar, Ver. Dilamar Machado, os hospitais.
Encerro,
Sr. Presidente, com muita tristeza, e essa tristeza eu sei que é de todas as
senhoras, todos os senhores que me ouvem nesse momento. Quem não tem uma amigo,
um parente, um familiar hoje que tenha problema de saúde? Então, termino
dizendo o que diz a Bíblia sagrada, muitas e muitas vezes: felizes, felizes dos
que morrem. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Adroaldo Corrêa.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, demais presentes a esta Sessão. Eu tinha pedido o tempo ao Ver.
José Alvarenga ao início dos trabalhos, o quarto inscrito no período de
Comunicações do que se compõe esta Sessão de hoje, que teve Comunicações de
Lideranças, teve utilização de dois tempos pelo art. 81, inc. II, para debates
de outras questões que, nós sabemos, são da nossa Cidade, e as ouvi atentamente
na expectativa de poder, no uso desse tempo, comunicar o trabalho que cumprimos
do dia 28 ao dia 1º, em São Paulo, junto ao Congresso Nacional do Partido dos
Trabalhadores, o primeiro Congresso. Estivemos licenciados desta Câmara para
essa atividade para, com muita honra, junto a companheiros do porte, o que
muito orgulha este Vereador, de Florestan Fernandes, Jacob Gorender, Dep. Ivan
Valente, companheiro Virgílio Guimarães, companheiro Flávio Koutzi e outros,
defendermos o campo do socialismo revolucionário dentro do nosso Partido, que
se constituía uma das teses que se formou, na perspectiva do Congresso de 1240
Delegados, a segunda força política daquele Congresso, a segunda força nacional
dentro do Partido dos Trabalhadores, que somou no contraditório das posições
políticas para que o Congresso se constituísse numa vitória dos trabalhadores
do Brasil. Nenhuma tese das quatorze que se apresentaram saiu vitoriosa,
intacta em todos os pontos. Todas, no debate, no diálogo, no confronto, cederam
em alguns aspectos dos seus princípios, não elementares ou básicos, que esses
são comuns a todos do Partido dos Trabalhadores, mas na sua visão objetiva
sobre tática, sobre o caráter do socialismo no PT, sobre o caráter da
construção partidária e as necessidades de luta hoje, nesta conjuntura cujos
efeitos vemos aqui nesta Casa. E os efeitos que vemos aqui nesta Casa são uma
reprodução, a nosso ver, daquilo que acontece no mundo inteiro com a
reorganização do capital em novas bases, com o capitalismo formando blocos e
excluindo, cada vez mais, as nações pobres da partilha das riquezas produzidas
mundialmente e oprimindo, cada vez mais, mais massas de trabalhadores do mundo
inteiro, uma crise, também, que não escapa aos olhos e ouvidos, mesmo dos menos
atentos, quanto mais daqueles que querem acompanhar a História, que se abate
sobre o processo de construção da cidadania e de valorização do trabalho, no
mundo inteiro, que é a crise dos países do Leste Europeu com a queda dos
regimes do chamado socialismo real, socialismo burocrático. O PT reafirmou a
sua trajetória de luta para a construção do socialismo no Brasil.
Nós
desconfiamos das intenções da cobertura de imprensa desse Congresso. Nós
participamos de outro Congresso que não foi aquele que foi traduzido nas
páginas dos jornais, por pinceladas aqui, ou acolá. Nós participamos de um
Congresso que disse que, quando a iniqüidade existe, quando a opressão existe,
quando a suprema ousadia da burguesia, que controla os aparelhos de produção no
nosso País, oprime as massas trabalhadoras, essas podem utilizar-se da
violência para cumprir os objetivos de resgatar a dignidade, a cidadania e o
valor do trabalho. E isso não foi o que disseram os jornais do Brasil inteiro.
Os jornais, talvez, não tenham acompanhado todo o Congresso como nós
acompanhamos. E eu falo com essa liberdade da cobertura que foi feita porque,
além de Delegado a esse encontro, eu fui, também por largo tempo, militante
diário na Imprensa. Sou jornalista e descreio de quem, por apenas ouvir duas ou
três fontes num Congresso de mil e duzentas pessoas, possa traduzir o que esse
Congresso realmente significou. Não votamos qualquer conteúdo sobre ditadura do
proletariado nesse Congresso, e todos os jornais burgueses estampam que nós
rejeitamos esse conceito. O conceito em Marx sobre ditadura do proletariado é
um conceito que expressa uma determinada forma de governo em um determinado
período da guerra civil entre as classes que, resolvido, institui o estado
socialista de direito. Nós não votamos sobre isso no Congresso. E os jornais,
principalmente, “O Estado de São Paulo”, a “Folha de São Paulo”, dizem que nós
rejeitamos, enquanto Partido dos Trabalhadores, essa posição. É uma mentira da
“Folha de São Paulo”. Obviamente não haverá espaço para este Vereador dizer
isso à “Folha de São Paulo”, para qualquer dos que assinaram uma posição
conseqüente dentro desse Congresso e votaram nessa posição, que foi majoritária
na votação, dizer isso à “Folha de São Paulo”, que circula quinhentos mil
exemplares e quer é um PT dócil, quer é um PT amarrado às instituições apenas,
quer é um PT na luta apenas dentro da ordem. E nós achamos que esse não foi o
PT que saiu do Congresso. No entanto, alerta aos cidadãos desde Porto Alegre e
até as tribunas que estarão sendo ocupadas por esses companheiros que citei no
início, de todo Brasil, de que talvez a Cidade de Porto Alegre, o Brasil, não
tenham realmente a dimensão do que foi o Congresso do Partido dos Trabalhadores
se ouvirem falar ou apenas lerem jornais da imprensa burguesa.
Outra
coisa que nós defendemos, que é aprovada e registrável, pelo caráter desta Casa
e pelo que já dissemos na nossa militância aqui nesta Casa, é que, enquanto uma
conquista dos trabalhadores interessa permanentemente tão-somente aos
trabalhadores, embora seja um valor para todos, a democracia continuará sendo
única e exclusiva fonte de interesse dos trabalhadores. Esse é um registro que
queremos fazer em função de que nos parece que há uma cobertura equivocada ou
um mal-entendimento de que a democracia teria um valor universal, que à
burguesia, que já aplicou neste País e em outros países ditaduras que
descartaram processos constituídos democraticamente como o de João Goulart,
como na Argentina, como no Uruguai, como no Chile, interessasse a democracia em
algum momento que não fosse apenas para facilitar as suas formas de exploração.
Nós registramos que o valor universal que possa ter a democracia é aquele valor
que, conquista dos trabalhadores, se estende às demais classes. Porque, sem os
trabalhadores, a democracia não existe; sem a luta dos trabalhadores para
preservar a democracia, essa é jogada na lata do lixo pelos setores burgueses.
Isso já aconteceu - historicamente é visível - em centenas e talvez milhares de
exemplos na história do nosso País, na história dos países latino-americanos,
na história do mundo inteiro. Então, esse Congresso debateu o socialismo e o
disse claramente uma bandeira do PT: um socialismo que só se explica porque ele
é quem incorpora a liberdade permanentemente, ele é quem incorpora a democracia
permanentemente, ele é quem incorpora os valores da produção para distribuí-los
a todos, através da planificação daquilo que é essencial a todos, daquilo que é
exigido por todos como controle a partir do Estado.
Achamos
que esse Congresso que discutiu a construção partidária e que permitiu o
debate, na perspectiva de consolidar o direito das posições se expressarem
permanentemente dentro do Partido, terem forma de divulgação permanente para
seus afiliados, esse é um Congresso que sai diferente dos das páginas dos
jornais, vitorioso para o PT e para a classe trabalhadora e para as demais
forças políticas que lutam pela preservação da democracia em nosso País. São
essas as perspectivas diferenciadas que gostaríamos de ter afirmado aqui,
porque, se não tivéssemos participado do Congresso, se não tivéssemos sido
testemunha, durante os dias em que lá estivemos participando, do que aconteceu
lá, se não estivéssemos lá e tivéssemos apenas lido a imprensa deste País, que
editorialmente pode ter subordinado um repórter que ali trabalhou na cobertura,
teríamos tido uma impressão diferente sobre o que saiu do Partido dos
Trabalhadores, para a sua continuidade, do I Congresso em diante.
Repetimos
aqui, embora possa parecer contraditório para quem leu hoje Luiz Mercadante, no
jornal, que o PT não quer ser o último Partido Comunista do Século XX... Só
faltou a frase conclusiva dele, adiante: o PT quer ser o principal e o primeiro
partido revolucionário do século XXI. Essas frases pela metade não cabem à
imprensa séria reproduzir, porque nós defendemos que o PT quer ser, e é, pelas
bases que fundou, o primeiro partido revolucionário do mundo inteiro no século
XXI. É demasiado dizer que ele abdicou das propostas revolucionárias. O que
essa imprensa, que não é a nossa, que não é a dos trabalhadores, procurou
traduzir? A imprensa dos trabalhadores está aqui, na voz de um dos seus
militantes e daqueles que publicarão as matérias que o próprio Partido dos
Trabalhadores definir como sendo aquelas que devem ser divulgadas à sociedade,
e não uma cobertura parcial, como foi feita, e eu diria até, do ponto de vista
editorial, comprometida com o PT que não existe, pois, na verdade, o PT que
existe é o que de fato trabalha no dia-a-dia com os trabalhadores na luta do
povo brasileiro pela democracia e pelo socialismo. Obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa,
respondendo Questão de Ordem levantada pelo Ver. Dilamar Machado, que não
haverá Sessão Extraordinária amanhã pela manhã.
(Levanta-se a Sessão às 16h55min.)
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